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Agência espiã britânica coleta imagens com webcam do Yahoo, diz jornal

Bandeira tremula na sede do portal, nos EUA | Robert Galbraith/Reuters

A agência britânica de espionagem GCHQ interceptou milhões de conversas com webcam e armazenou imagens delas, incluindo algumas de sexo explícito, informou o jornal The Guardian nesta quinta-feira.

Os arquivos da GCHQ, de 2008 a 2010, entregues ao jornal pelo ex-prestador de serviços da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) Edward Snowden, revelam que o programa de vigilância, de codinome Optic Nerve (nervo óptico), salvava aleatoriamente uma imagem a cada cinco minutos dos chats com webcam do Yahoo e as armazenava em bases de dados da agência.

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O Optic Nerve, que começou como um protótipo em 2008 e ainda estava ativo em 2012, tinha sido criado para testar o reconhecimento facial automático, monitorar alvos da GCHQ e revelar novos alvos, disse o Guardian.

Pela lei britânica, não há restrições que impeçam que imagens de cidadãos dos EUA sejam acessadas pela inteligência britânica, acrescentou o jornal.

Somente num período de seis meses em 2008, a GCHQ recolheu imagens de conversas com webcam de mais de 1,8 milhão de usuários em todo o mundo.

«É uma política de longa data não fazer comentários sobre assuntos de inteligência», disse um porta-voz da GCHQ nesta quinta-feira.

Em outro indício do amplo compartilhamento de informações entre agências de espionagem dos EUA e da Grã-Bretanha, o que causou indignação entre a população e os políticos dos dois lados do Atlântico, informações de webcam foram incorporadas às ferramentas de busca da NSA e todos os documentos estavam disponíveis para seus analistas, afirmou o jornal.

Não ficou claro, porém, se a NSA teve acesso à base de dados de imagens de webcam do Yahoo, acrescentou. O Yahoo declarou não ter conhecimento das interceptações.

Snowden, agora vivendo na Rússia, depois de fugir dos EUA, se tornou manchete mundial em meados do ano passado ao dar detalhes dos programas de vigilância da NSA para o The Guardian e The Washington Post.

Durante décadas, a NSA e a GCHQ atuaram em parceria, compartilhando informações por meio de um esquema conhecido como acordo UKUSA. Elas também colaboraram com agências de escuta do Canadá, Austrália e Nova Zelândia sob outro arranjo, chamado de aliança dos «Cinco Olhos».

Segundo o The Guardian, no programa Optic Nerve a GCHQ tentou limitar o acesso de sua equipe a imagens de webcam, mas eles ainda assim podiam ver imagens usando códigos de acesso semelhantes aos próprios para alvos de inteligência.

A GCHQ também adotou restrições na coleta de imagens de sexo explícito, mas seu software nem sempre era capaz de distingui-las de outras imagens.

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