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262 detidos em manifestação em São Paulo são liberados

Os 262 manifestantes detidos no protesto de sábado contra a Copa do Mundo no centro de São Paulo foram liberados, informou a Secretaria do Estado de Segurança Pública, que reviu os números. Eles haviam sido encaminhados a sete DPs (Distritos Policiais) da região central da capital paulista: 1° DP na Liberdade, 2° DP no Bom Retiro, 3° DP no Campos Elísios, 4° DP na Consolação, 5° DP na Aclimação, 8° DP no Brás e 78° DP no Jardins.

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Segundo os policiais, alguns manifestantes portavam spray, estilingues, bolas de gude, correntes, máscaras, e até porções de maconha no ato, que teve início por volta das 17h da tarde na Praça da República e foi encerrado por volta das 23h.

Jornalistas relataram ter sofrido agressões. Segundo o “Portal Terra”, o fotógrafo, Bruno Santos, levou golpes dos policiais nas costas. Ele caiu, torceu o pé, precisou ser encaminhado a um hospital e relatou que o equipamento foi destruído por golpes de cassetete. O jornal “Folha de São Paulo” informou que o repórter Reynaldo Torullo levou uma gravata de um PM, foi arrastado e jogado ao chão. O jornal “O Globo” noticiou que o repórter, Sérgio Roxo, filmava a confusão com um celular quando foi imobilizado por um policial com um golpe no pescoço e teve o aparelho quebrado. O repórter do “Portal G1”, Paulo Toledo Piza, ficou retido por 30 minutos e foi impedido de trabalhar.

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Na página do protesto no Facebook, o coletivo “Se não tiver direitos, não vai ter Copa” reclamou da atuação policial. “Antes do início da marcha, fizeram um desfile militar provocando manifestantes, semelhante ao da época da ditadura, para tentar amedrontar os manifestantes. Não conseguiram. O ato seguiu forte, composto por diversos grupos, até a altura do metrô do Anhangabaú quando o efetivo desproporcional da PM se lançou sobre um grupo de manifestantes. Agressão, transgressão dos direitos e prisão em massa. Advogados presentes que acompanhavam a abordagem absurda foram agredidos por policiais e impedidos de realizar o seu trabalho”, diz o comunicado. O grupo informa que vai convocar, em breve, um novo ato contra a Copa.

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Segurança ainda não se manifestou sobre a atuação dos policiais.

Vigilância

O sistema de monitoramento de vídeo da estação Ana Rosa mostrou um manifestante abandonando uma mochila. Os funcionários do Metrô, ao verificá-la, acharam em seu interior um «coquetel Molotov».

Mais cedo, na Rua Xavier de Toledo, manifestantes provocaram tumulto, depredaram agências bancárias e entraram em confronto com a PM. Os manifestantes estão sendo encaminhados ao 78°, 4° e 3° Distritos Policiais.

Ocorrência

A manifestação contra os gastos com a Copa do Mundo reuniu cerca de mil pessoas na Praça da República. Durante os protestos, a Polícia Militar adotou uma ação diferente para deter grupos «Black Bloc», cercando diversos manifestantes adeptos da tática de vandalismo com uma grande barreira [veja no vídeo abaixo].

Na página do evento no Facebook, os organizadores criticam a forma como a Copa do Mundo ocorrerá no país. “Bilhões do nosso dinheiro público estão sendo gastos em estádios privados, milhares de famílias estão sendo removidas de suas casas e os investimentos em rodovias e transporte público encontram mais um motivo para servir à especulação imobiliária.”

Reincidência

Esse foi o segundo protesto do ano contra a Copa, em São Paulo. O primeiro, em 25 de janeiro, foi marcado pela violência. O protesto teve a participação do movimento Black Bloc, que entrou em confronto com a Tropa de Choque. Parte dos manifestantes ficou presa dentro de um hotel na Rua Augusta, quando tentava se refugiar das bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Um dos participantes, Fabrício Alves, de 22 anos, reagiu a uma abordagem da PM com um estilete, levando dois tiros. Fabrício ficou 16 dias internado na Santa Casa.

Na página da rede social, os manifestantes reclamaram, dizendo que a intimação para as 16h seria uma tentativa desleal de enfraquecer o ato, que foi marcado para as 17h. “A Polícia Civil, a mando de forças maiores, está intimando manifestantes a depor no mesmo dia e horário da manifestação contra Copa. Essa é a forma que eles encontraram de intimidar os ativistas. Não vamos nos calar diante dessa afronta”, dizem.

No início deste mês, no Rio de Janeiro, o cinegrafista da Band Santiago Andrade foi morto, vítima de um rojão lançado contra sua cabeça por um manifestante Black Bloc.

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