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Colegas da Band escrevem carta de despedida a Santiago

Santiago Andrade teve morte cerebral constatada nesta segunda-feira / Arquivo Pessoal
Santiago Andrade teve morreu após ser atingido por um rojão enquanto cobria manifestação / Arquivo Pessoal

Os colegas de redação de Santiago Andrade na Band Rio fizeram uma carta em homenagem ao amigo, morto há uma semana em uma manifestação no centro do Rio de Janeiro. O texto foi lido durante o velório do profissional, realizado na manhã desta quinta-feira.

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Leia a íntegra do texto:

«Era um homem de sorriso largo e fácil. De longos abraços. 

E de passos lentos. Gostava de falar com a gente olhando no olho. 

Colocava a mão na nossa cintura. Uma voz doce. Não era de grito, nem de falar rápido. 

Cuidava da imagem como cuidava da gente. Com muita delicadeza. 

Todo dia a mesma rotina. Chegava… se benzia antes de entrar na redação e cumprimentava um a um. 

Um ritual que começava lá embaixo…recepcionistas, seguranças, o povo da faxina, a galera do estúdio… por isso é uma perda tão difícil de engolir.

Porque ele era diferente… especial nos detalhes. Se empolgava com uma matéria nova, pedia pra continuar na história… ia na chefia mexendo as mãos e falando…me deixa nesta matéria… tô com o Torto.

Mas, seguia direto pra produção para avisar as meninas que já tinha pedido… sempre com tanta doçura. 

Ligava da Argentina rindo perguntando se já tínhamos visto ele dançando com a Camila. Ou se emocionava com as crianças mortas da Tasso da Silveira. Seguia feliz para qualquer viagem… adorava pegar a estrada em busca de uma matéria: «pode me colocar que eu vou». E ia feliz.

Chegava e contava: a Camila é maluca… tem muita raça. Viu o que ela fez? No dia seguinte, estava todo bobo com a matéria da Nati.  

Porque era sim…ele se apaixonava por todos os repórteres… pelas matérias que faziam juntos… pela rapaziada que estava começando na profissão. Adotava um pra tomar conta, depois se encantava com outro.

Mas, nunca abandonava as crias antigas. Tem uma legião de jovens, e não tão jovens jornalistas, sem chão. 

Era padrinho desta galera, para alguns um paizão. E fazia questão de ser. Sem nenhuma vaidade, com uma humildade desconcertante. 

Amor mesmo… amor que estava presente no dia a dia da redação, na rua… ou na cervejinha do fim do dia. 

No beijo carinhoso que dava na gente no início ou no fim da jornada. Porque não ia embora sem se despedir… agora foi. 

E a gente não consegue entender porquê. Não se despediu. Foi tão rápido. Tão injusto. Não deu tempo. 

Está todo muito esperando o abraço apertado…o beijo estalado…mas não vem.

Ninguém é assim de graça. Nossa personalidade vai sendo moldada por aqueles que estão à nossa volta. 

Pelo que damos e recebemos. No caso do Santi, pelo amor que ele dava e recebia. 

Por isso, agradecemos à família Andrade. Por ter aceitado dividir conosco esse cara maravilhoso. 

Um presente que Deus e, por tabela, vocês colocaram no nosso caminho. 

Ele é sim inesquecível!

Nas ruas, jovens de comportamento violento dizem que são sonhadores. Querem mudar o mundo. 

E conseguiram…

O mundo se tornou um lugar muito pior sem Santiago Ilídio Andrade.

Santi… tá duro demais. É uma falta absurda. Nos faltam imagens e palavras. Nos falta você!»

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