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MP: trem que falhou é de grupo reformado pelo estado

Plataformas ficaram lotados em toda a linha Vermelha / Ouvinte Jailson Sena/BandNews FM
Plataformas ficaram lotados em toda a linha Vermelha / Ouvinte Jailson Sena/BandNews FM

O trem que apresentou falha na estação da Sé e causou a paralisação do metrô paulistano na noite desta terça-feira faz parte de um do grupo de composições reformadas pelo governo estadual, aponta o promotor Marcelo Milani, do MP-SP (Ministério Público de São Paulo). “A frota K é inteirinha reformada. Não sei exatamente qual foi a composição, mas asseguro que ela é a toda reformada”, disse Milani, que lembra que, apenas em dezembro, houve 700 ocorrências em trens reformados apenas na linha Vermelha.

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Por esse motivo, o promotor pediu a suspensão do contrato das reformas das composições dos trens do metrô.  “A Companhia do Metrô acolheu e suspendeu os contratos, na última segunda, para que a gente adote as medidas contra o prejuízo dessa reforma, que eu entendo danosa”. Pelo acordo da licitação, 98 trens seriam reformados ao custo de R$ 2,5 bilhões. Hoje, cerca de metade das composições reformadas já foi entregue e encontra-se em circulação. “A reforma em si não se mostrou a melhor solução, a questão se revelou prejudicial. Os trens estão simplesmente dando defeito. A situação acabou eclodindo nessas ocorrências, que têm ocorrido quase que diariamente”, observa o promotor, em entrevista exclusiva à Rádio Bandeirantes. Segundo o promotor, alguns dos trens reformados têm cerca de 40 anos de uso, o que também contribuiria para a quantidade de falhar. Para ele, o ideal seria a compra de novos trens.

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Os contratos da licitação para a reforma de trens foram firmados entre 2008 e 2010, lembra Milani. “Esta licitação já está clara que é lesiva. Agora estamos convocando as empresas da reforma para comparecer ao MP para apresentar uma posição clara”. O promotor também irá pedir a devolução ao governo dos trens que ainda seriam reformados e também cobrar o prejuízo da operação. “Ele já está em torno de R$ 800 milhões. E vamos cobrar isso das empresas seja por TAC [Termo de Ajustamento de Conduta] ou medidas judiciais”.

O promotor aponta, porém, que não há provas de corrupção no caso dos trens reformados. “Mas há indícios de que o cartel [do metrô] atuou também no caso das reformas dos trens”, suspeita o promotor, que irá investigar a possível conexão entre os casos.

Versão do governo

Usuários exaltados causaram a paralisação da linha 3-Vermelha do metrô por cinco horas na noite desta terça, segundo o secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes. “Incentivadas por alguns passageiros exaltados, pessoas pularam na via”, disse em entrevista ao Primeiro Jornal. “Um problema que podia ser resolvido em 20 minutos, demoramos 5 horas para voltar à normalidade”.

Fernandes conta que, às 18h19, uma porta quebrou na estação da Sé. A falha havia sido reparada em cerca de 15 minutos, mas como os passageiros começaram a invadir os trilhos, o sistema de energia teve de ser desligado por segurança. “Nós temos que tirar a energia. Ao retirar a energia, você corta o ar-condicionado e o conforto vai para zero”.

Neste momento, o Metrô SP busca entender por que sete trens tiveram o sistema de emergência acionado em um intervalo de 30 minutos, aponta Fernandes.

O secretário lembra que o serviço de alto-falante sugeria aos usuários que utilizassem os trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) para o deslocamento enquanto o sistema do metrô estava bloqueado na linha Vermelha. “É difícil nessa situação de confusão que as pessoas captem as nossas mensagens”.

Secretário conversou com a repórter Paula Valdez:

No total, os vândalos causaram danos em 19 composições da linha 3. Dessas, nove foram recuperadas e 10 não puderam entrar em operação nesta manhã. Três composições da linha 1-Azul foram deslocados para ajudar na operação da Vermelha.

O secretário afirma que falhas acontecem, mas que esse não é motivo para acreditar que o sistema esteja defasado. «Em 4,5 mil viagens que realizamos por dia, não é motivo para que você ache que o sistema está em bancarrota, em franca deterioração. Pelo contrário, funciona bem e funcionará bem. Precisamos todos ter calma».

Os atos de vandalismo causam preocupação em Fernandes. “Não vamos permitir que o vandalismo das ruas ingresse no metrô. Essa não é uma forma decente e democrática de manifestações”.

Sistema de emergência foi acionado por usuários:

Quarta-feira

Após a paralisação de cinco horas na noite de ontem, o metrô funciona normalmente neste início de manhã em todas as linhas, inclusive a 3-Vermelha, a mais prejudicada com as falhas.

Usuários caminham pelo túnel na estação República | Danilo Verpa/ Folhapress

Passageiros aguardam no vagão parado | Danilo Verpa/ Folhapress

Mulher é socorrida ao passar mal devido ao calor | Danilo Verpa/ Folhapress

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