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Manifestantes pintam corpos e colocam velas em frente à boate Kiss

Corpos foram pintados por familiares | Gabriela di Bella/Metro

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A boate Kiss, em Santa Maria (RS)  foi cercada por amigos e familiares das vítimas e sobreviventes na madrugada desta segunda-feirta, na mesma hora que aconteceu o incêndio. Foram lidos e contados em voz alta o nome de cada um dos 242 jovens que perderam a vida na tragédia, há um ano.

Com baldes de tinta branca e pinceis em mãos, eles pintaram 242 corpos no asfalto da rua dos Andradas, centro de Santa Maria. Foi a maneira de mostrar como eles encontraram seus filhos, irmãos, primos, amigos, namorados naquela madrugada.

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Lila Telles, representante da “Associação Família por La Vida, Cromañon nunca mais”, que reúne familiares dos jovens argentinos que perderam a vida em uma boate, em 2004, disse que os responsáveis precisam ser punidos: “Sem justiça não há paz”.

As homenagens seguiram madrugada a dentro até que o silêncio tomou conta. Às 3h soou uma sirene. Um a um eles contaram até 242. Dos gritos de justiça se seguiu o silêncio até que o grupo se dispersou às 4h.

Pelas redes sociais, a presidente Dilma Rousseff relembrou a dor daqueles dias.

“Passado um ano da tragédia em Santa Maria, a tristeza ainda está viva em nossos corações. Lembro de cada mãe, de cada pai que abracei”, registrou ela em sua conta do Twitter, ontem.

O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT) não foi a Santa Maria, mas também usou a rede social: “Precisamos, a partir dessa tragédia, levando em consideração a sua gravidade, a dor dos familiares, dizer que vamos nos esforçar cada vez mais para que isso não mais ocorra.” 

 

Congresso – Protestos e pedidos de Justiça

O último dia do 1º Congresso Internacional Novos Caminhos, que aconteceu anteontem, teve como convidados, os responsáveis pela condução das investigações e processo da Kiss. Participaram do debate o delegado regional de Santa Maria, Marcelo Arigony, o subprocurador institucional do Ministério Público, Marcelo Dornelles, e os advogados da Associação dos Familiares das Vítimas. Os discursos foram acalorados e incisivos.

Para o subprocurador, não falta rapidez por parte do MP e não há questões políticas influenciando nas decisões. Os familiares discordaram.

Em protesto, eles caminharam ontem da Kiss até a sede do Minsitério Público onde soltaram balões com pedidos de justiça.

O subprocurador do MP, por sua vez, alegou que nada do que foi apontado responsabiliza servidores da prefeitura, principalmente o prefeito, como é o desejo dos familiares das vítimas. Conforme Dornelles, a partir do que foi apresentado, a prefeitura agiu regularmente. Em seu discurso, ele enfatizou que o Corpo de Bombeiros não fiscalizou o local.

 

Adherbal Ferreira – Presidente da Associação de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria 

O presidente da AVTSM contou ao Metro Jornal as impressões que ficaram nestes dias de debates e homenagens às vítimas do incêndio na Kiss.

Como foram esses três dias de Congresso?

Foi excelente. Muito bom. A gente sentiu até que faltou tempo e espaço para aprofundar mais as discussões. O último dia destinamos às homenagens. Houve a exibição do documentário “Janeiro 27”, depois mais homenagens na praça Saldanha Marinho e à noite foram ditos os nomes de cada um dos filhos.

E os resultados?

Foi algo diferente. Altamente relevante em assuntos tanto na parte psicológica, quanto social, questões de justiça e prevenção. Deixamos uma semente na terra que agora precisar germinar.

E daqui para frente, quais os próximos passos?

Depois do que nós tivemos aqui, da parte de justiça, acredito que terá um rumo diferente. Queremos a condenação plena dos envolvidos. Todos dentro da sua culpabilidade.

 

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