Operários que trabalhavam na construção do prédio que desabou na manhã da última terça-feira em São Mateus, na zona leste, afirmam que os responsáveis pelo empreendimento sabiam que a obra apresentava riscos. Quase 48 horas após o desabamento, o corpo da nona vítima fatal do acidente foi encontrado pelo Corpo de Bombeiros por volta de 7h30 desta quinta-feira.
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O corpo só foi encontrado após a retirada de escombros do local. Ainda não se sabe a identidade da vítima. Agora os bombeiros buscam por uma última pessoa que ainda está soterrada.
Segundo o pintor Gleisson Feitosa, de 24 anos, um engenheiro esteve na obra e determinou que ele prosseguisse, apesar dos problemas estruturais. O pintor foi um dos resgatados. Ele ficou duas horas sob os escombros e teve ferimentos leves.
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Na noite de ontem, a prefeitura informou que o pedido de alvará da obra era para um andar, mas o prédio tinha dois. A prefeitura embargou a obra e aplicou duas multas, que somam R$ 104,6 mil, mas não impediu que o empreendimento continuasse. A polícia quer saber porque a prefeitura não registrou um boletim de ocorrência.
O eletricista Reginaldo Caetano disse que a Torra Torra e o dono do prédio foram alertados que a sondagem do solo apontou problemas na estrutura. Segundo ele, a Salvatta Engenharia, empresa contratada pela Torra Torra, esteve na obra no sábado para reforçar as estruturas.
O prédio, que seria ocupado pelo magazine Torra Torra, desabou após um colapso estrutural. Até o momento, nove mortes foram confirmadas e 26 pessoas ficaram feridas. O Corpo de Bombeiros tenta localizar outros dois operários desaparecidos.
O advogado do dono do imóvel afirma que a Torra Torra fez alterações no projeto original da obra. A Torra Torra diz que havia um contrato de locação, mas que a ocupação só ocorreria depois das obras. A Salvatta afirma que apenas avaliou a obra e não fez intervenções.
MP diz que prefeitura devia ter lacrado obra
O promotor de Habitação e Urbanismo José Carlos de Freitas afirma que era responsabilidade da prefeitura lacrar o prédio assim que foram identificados os primeiros problemas.
Em entrevista à Bandnews FM, o promotor, que é responsável pelo inquérito do caso, afirma que era papel dos agentes públicos ter emparedado a obra antes da tragédia. Em março, a Subprefeitura de São Mateus multou e embargou a obra, mas as reformas no edifício continuaram.
A prefeitura informou ontem que irá apurar, por sindicância, o motivo da não realização de um boletim de ocorrência registrando o embargo.
O proprietário do prédio, Mostafa Abdallah Mustafa, a construtora Salvatta e a prefeitura deverão ser responsabilizados, segundo o promotor.
Quatro funcionários de construtora são ouvidos
A polícia ouviu ontem quatro funcionários da construtora Salvatta Engenharia. Eles disseram que souberam no sábado que a laje da obra precisaria ser escorada com madeiras e vigas porque não aguentaria o peso de equipamentos sobre ela.
Os funcionários também informaram que as obras seriam paralisadas até que houvesse o reforço da estrutura.
“Se chegou à conclusão de que tudo deveria ser parado, pois a estrutura não suportava o peso ”, declarou em depoimento o funcionário Reginaldo dos Santos.
Vítimas dividiam alojamento
Pelo menos 25 operários da obra dividiam um alojamento na zona leste. O local é um sobrado improvisado. De acordo com os operários, a maioria deles veio do Maranhão e de Tocantins para trabalhar na construção do prédio. Os corpos das oito vítimas foram liberados pelo IML ontem. Dois foram encaminhados a Osasco. Os demais para o Maranhão e o Tocantins.