Uma mulher grávida de dois meses ajudou a retirar parte dos operários feridos durante um desabamento, na manhã desta terça-feira, na zona leste de São Paulo. A jovem, de 21 anos, falou ao Brasil Urgente sobre os momentos de tensão após o acidente.
«Os operários gritavam socorro, fui até a casa de uma vizinha e ajudei a retirar as vítimas. Eles estavam no fundo do prédio que caiu», afirmou Tatiana em entrevista ao repórter Marcelo Moreira.
Ela também relatou o que viu após o desastre. «Vi um dos funcionários com a cabeça machucada, ele sangrava muito. Outro perdeu o pé por conta do impacto, foi horrível».
Recomendados
Lotofácil 3083: resultado do sorteio desta sexta-feira (19)
Sem empréstimo, sem enterro! Tio Paulo ainda não foi enterrado porque família alega não ter dinheiro
“Tio Paulo” era um homem simples, sem mulher ou filhos, dizem vizinhos. “Gosta de um biricutico”
Perguntada pelo apresentador José Luiz Datena se ela não teve medo por conta da gravidez, ela respondeu que «não pensou nisso no momento e só quis ajudar os operários».
A obra
A prefeitura de São Paulo emitiu nota informando que era irregular a situação da obra em São Mateus, bairro da zona leste da cidade, que desabou nesta terça-feira. A construção, na Avenida Mateo Bei, ruiu por volta das 8h30 fazendo, até o momento, seis mortos e 24 feridos. Segundo a informação oficial, o responsável não apresentou pedido de alvará de execução para que a obra fosse feita.
De acordo com texto, em 13 de março, a subprefeitura de São Mateus emitiu um auto de intimação e um auto de multa, por falta de documentação no local da obra. A multa foi no valor de R$ 1.159. Em 25 de março, a subprefeitura emitiu outra multa pelo não cumprimento da primeira intimação, no valor de R$ 103.500, e emitiu um auto de embargo.
A prefeitura ressalta que, em 10 de abril, recebeu um pedido de alvará de aprovação de edificação nova (Processo 2013.0.102.750-9), que ainda estava em análise. No entanto, o Código de Obras da cidade diz que a obra só poderia ter sido iniciada – mesmo sem resposta da subprefeitura – caso tivessem decorridos os prazos dos dois pedidos, ou do pedido conjunto (alvará de aprovação e alvará de execução)
“Ainda assim, a obra ficaria sob inteira responsabilidade do proprietário e dos profissionais envolvidos, e estaria sujeita a adequações ou até a demolição”, explicou a prefeitura.
O Crea (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) de São Paulo informou que está apurando a existência de uma ART (anotação de responsabilidade técnica), necessária à execução de atividades e serviços de engenharia e geologia pelos profissionais e empresas contratados. “Em atenção ao evento em referência, o Crea-SP já tomou conhecimento da ocorrência e sua área de fiscalização está tomando as providências necessárias, na sua esfera de atuação”, disse em nota.
O Magazine Torra Torra, que instalaria uma loja da rede no local acidentado, confirmou que mantinha um contrato de locação com o proprietário do imóvel que desabou. No entanto, segundo a empresa, a ocupação do prédio somente se daria após o fim das obras estruturais, feitas pelo proprietário.
O magazine ressalta, em nota, que a empresa de engenharia contratada, a Salvatta Engenharia, foi ao local para realizar estudos de estrutura, “agindo no sentido de avaliar as condições de segurança e não procedendo nenhuma intervenção estrutural”.
“O fim da obra, [feita] pelo proprietário, mais o laudo da Salvatta Engenharia, avalizando as seguras condições da estrutura, eram os pré-requisitos para que o Torra Torra assumisse a finalização do prédio com o acabamento interior, para abrigar a nova loja”. Segundo a empresa, não houve entrega das chaves, já que a obra não estava concluída.