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Em busca da paz como há 20 anos

xico-vargasOs mais de 100 milhões de acessos e textos, em menos de 15 dias, na página da campanha “Deixem o Rio em Paz” no Facebook são uma evidência transbordante do sentimento que hoje mobiliza o carioca. Como há 20 anos, quando saiu às ruas tangida pelas chacinas que haviam afogado a paz no sangue de moradores de rua e da favela de Vigário Geral, a cidade agora botou a indignação nas redes sociais para expressar o quanto lhe é cara a segurança.

Pode ser cedo – e os meses recentes têm demonstrado isso – para falar em pacificação. Mas a expressão “retomada” (mais adequada) de territórios há décadas entregues ao crime já permite enxergar na linha do horizonte uma política de segurança digna do nome. Sinais disso não faltam, como contabiliza o coordenador do Dique-Denúncia, Zeca Borges: desde a primeira ocupação (Santa Marta), há cinco anos, houve mil mortos a menos por ano na cidade. Na verdade, todos os índices caíram.

Balas perdidas, mortes em confrontos, número de policiais mortos e tiros disparados eram cifras em queda há coisa de três meses. No início de junho, uma salva de metralhadora do tráfico assustou plateia e participantes da Corrida da Paz, no Alemão. Desde então, com ou sem a participação da polícia, o crime sinaliza que está voltando a ser como antes e o carioca manifesta o temor de que, mais uma vez, o sonho da segurança vire fumaça.

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Talvez seja o momento de reunir o sentimento que domina as manifestações de rua com o vigor dos que se expressam nas redes sociais para dizer como o carioca quer a cidade. Não é aceitável, por exemplo, que uma favela de quase 200 mil habitantes, como a Rocinha, feche o trânsito entre duas imensas áreas da cidade. Mas precisou fechar, para impedir que lhe empurrassem goela abaixo um colorido teleférico em lugar do esgoto de que precisa, mas fica enterrado e não dá voto.

Pacificar o Rio não exige só obra, escola, coleta de lixo e UPP. Também exige da Justiça não botar na mesma cadeia sanguinários como Fernandinho Beira-Mar e Marcinho VP. Mesmo o mais ingênuo dos juízes (existe?) saberia que conversa entre ambos nada rende de bom, como se viu nos atentados às ONGs, no Alemão. Exige o comprometimento da OAB para punir advogado que se presta a pombo-correio de bandido.

Quem conhece o fundo do poço que são os presídios do Rio não acredita possível, mas a pacificação exige também guardas penitenciários que não achaquem parentes de presos, nem vendam ou aluguem celulares aos detentos.

E, da polícia, exige aversão ao cofre do tráfico.

 

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