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Caiu o bastão

jose-luiz-datenaA exemplo da Copa do Mundo, vão gastar milhões para fazer os Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro. A mesma história de sempre: dinheiro público a rodo, escoando pelo ralo da impunidade e da falta de fiscalização em nome do esporte.

Numa cidade onde, como em todo país, o brasileiro corre cem metros rasos atrás de ônibus que andam “a milhão” para faturar mais e provocar mais acidentes. O atleta olímpico do dia a dia tem que passar pelas barreiras dos tiros de fuzil e cruzar a linha vermelha de chegada como sobrevivente das pistas da antiga capital do Brasil. Aliás, não faltaria gente para disputar o tiro olímpico dos jogos de 2016. Era só procurar entre os traficantes do morro ou policiais que por lá matam gente inocente ao invés de bandido.

Foi o caso dos Jogos Pan-Americanos, nos quais já se falava no famoso legado para a cidade. As contas não fecharam, ninguém foi preso ou investigado, o transporte coletivo não teve um metro a mais de linha de metrô e tem ônibus toda hora caindo do viaduto ou matando ciclistas e pedestres.

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Sair de casa para trabalhar, no Rio, como em qualquer lugar no Brasil, já é uma verdadeira maratona de sobrevivência. Ah, esqueci do Engenhão! O estádio Pan-Americano que desabou uma parte do teto, quase provocando uma tragédia. A casa literalmente caiu na falta de vergonha de quem administra o nosso comitê olímpico.

Falando nisso, como todo brasileiro, fiquei de coração partido nesse domingo quando na última perna do revezamento feminino as brasileiras deixaram cair o bastão, perdendo, assim, a chance de uma única medalha.

É isso mesmo! O gigante Brasil, sexta economia do mundo, não conseguiu sequer uma medalha no Mundial de Atletismo da Rússia. Vergonha para os atletas? Claro que não. Vergonha para os cartolas de sempre, que ganharam o direito de fazer do Rio uma cidade olímpica.

Ouro demais é o que não vai faltar, para supervalorizar as obras fantasmas de sempre. Ouro mesmo, em forma de medalha, este sim ficará no pequeno grupo de heróis que lutam contra tudo e contra todos para, nas modalidades de sempre, honrar o nosso esporte.

A queda do bastão ontem, no estádio Olímpico de Moscou, representa muito mais do que procurar culpados entre aqueles que já são super-heróis por chegarem a finais de competições de nível internacional. Os culpados por não sermos ainda uma potência olímpica estão fora das pistas, dos campos de jogo, das quadras, dos tatames, das piscinas. São as caras de sempre, que fazem da famosa frase do barão Pierre de Coubertin,  “o importante é competir”, quase que uma piada. De fato competir é fundamental, mas combater a roubalheira que está por trás dessa pretensa ajuda ao esporte é muito maior.

Já ganhamos há muito tempo a medalha de ouro da impunidade.

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