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‘Roubos e latrocínios são os grandes problemas do Estado’, afirma Grella

Fernando Grella, secretário de segurança pública de São Paulo | Wilson Dias/ ABr
Fernando Grella, secretário de segurança pública de São Paulo | Wilson Dias/ ABr

Parece estranho, mas é acabando com os desmanches de veículos que o governo de São Paulo pretende reduzir o número de latrocínios (roubos seguidos de morte) no Estado. Esse tipo de crime registrou alta de 38,6% na capital na comparação com o primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2012: foram 79 vítimas ante 57. Os últimos casos de repercussão não tiveram relação com roubos de veículos (a morte do estudante Victor Depmann, 19 anos, no dia 8 de abril, foi por causa de um celular) , mas segundo disse com exclusividade ao Metro o secretário da Segurança Pública do Estado, Fernando Grella, 48% dos latrocínios estão relacionados com o comércio ilegal de peças de veículos. Um projeto enviado pelo governo para a Assembleia Legislativa cria uma série de exigências que praticamente extingue a atividade.

Qual balanço o senhor faz desses oito meses à frente da Secretaria?

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Uma marca é o trabalho integrado das polícias, da valorização da área de inteligência, e isto começa se refletir aos poucos em resultados. É possível ver as polícias conjugando esforços.  Elas têm produzido mais e melhor. Mas é evidente que ainda temos um desafio enorme.

 

Qual a maior dificuldade enfrentada hoje pelo governo?

Roubo e latrocínio são dois grandes problemas. São crimes para os quais ainda não conseguimos imprimir uma tendência de queda.

 

O que fazer para reverter esse quadro?

São várias ações necessárias. Evidentemente exige uma acompanhamento permanente das áreas onde há maior incidência desses crimes em termos de prevenção e ostensividade. Mas isso não é suficiente. Vamos fechar o cerco contra os desmanches. O governo mandou para Assembleia um projeto para acabar com o comércio de peças roubadas, criando uma série de restrições para o funcionamento dessa atividade. Os desmanches são o grande foco de receptação e fomento de roubos e de furtos e veículos. Cerca de 48% dos latrocínios são tentativa de roubos de veículos.

 

SP tem muitos inquéritos parados por falta de estrutura para a conclusão de laudos periciais. Como reduzir essa “fila”?

Tomamos duas providências. A questão dos laudos está sendo sanada, praticamente acabamos com os laudos em atraso. Outra providência é a reforma das instalações do Instituto de Criminalística e a ampliação do quadro de pessoal, aumentando em 62% os cargos até o final do primeiro semestre do ano que vem.

 

A PM tem sido criticada por supostos excessos nas últimas manifestações. Como avalia a postura da corporação? 

A ação tem sido de assegurar a realização da manifestação protegendo as pessoas que participam, mas, ao mesmo tempo, tem o papel de preservação da ordem pública. Ela procura coibir atos de violência e depredação. Tivemos notícias de possíveis abusos, excepcionais, por parte da PM. Todos os casos são investigados.

Houve queda da popularidade do governador. Os excessos da PM podem estar relacionados?

Acredito que não. As notícias de excesso são pontuais. Um episódio que foi comentário de possíveis excessos ocorreu em uma das manifestações, quando havia um acerto entre líderes do protesto e a PM com relação ao trajeto da passeata. Em um determinado momento, isso não foi cumprido e houve um desencadeamento de violência contra policiais. As ruas se tornaram um palco de violência, com incêndio de ônibus e depredações.

 

O MPL promete uma nova onda de protestos contra o suposto escândalo no metrô. A PM está preparada?

A PM está preparada. A PM sempre salienta que as lideranças compareçam às reuniões para definição dos locais, itinerários, quem são os líderes. Tudo para que aconteça com o menor risco de tumulto e prejuízo para as demais pessoas que não participam da manifestação.

 

O que muda no Denarc depois das 13 prisões de policiais suspeitos de envolvimento com o tráfico?

Parte das mudanças ainda dependem de uma posição do governador, mas basicamente mexeremos na estrutura. Será feita uma redução de pessoal, introdução de mecanismos de controle e fiscalização de atuação profissional dos policiais que continuarem no Denarc.

 

Haverá destituições no comando do Denarc?

Isso ainda não é considerado.

 

Um recente relatório da ONG Human Right Watch chamou a atenção sobre o grande número de mortes causadas por policiais em SP.

As corregedorias colaboram com todas as investigações. O relatório é positivo para o governo em uma série de aspectos que tratam de políticas que foram ou serão implementadas. A questão da preservação do local do crime é um exemplo de iniciativa que está na linha do que a ONG preconiza.

 

Como anda o projeto que prevê bônus para policiais que cumprirem metas de redução de crimes?

Temos uma consultoria em andamento, essencial para definir métodos de gestão para estabelecer metas e indicadores de eficiência. Ainda há etapas a serem cumpridas pelo governo.

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