Uma pesquisa realizada pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Química Verde, Sustentabilidade e Educação (GPQV) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) aponta os problemas dos brinquedos de plástico: prejuízos para a saúde das crianças e danos ao meio ambiente. O estudo foi feito a pedido do Programa Criança e Consumo, do Instituto Alana, e investigou as relações entre publicidade, consumo e descarte dos brinquedos, mostrando as consequências dessa dinâmica para as crianças e para o planeta.
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Segundo a pesquisa, brinquedos de plástico podem prejudicar a saúde das crianças devido a substâncias tóxicas que muitas vezes fazem parte de sua composição. O policloreto de vinila (PVC), por exemplo, que é o tipo de plástico mais comum na fabricação de brinquedos, geralmente tem adição de ftalatos (usados para deixar o plástico mais maleável) e a exposição excessiva a eles pode causar desde asma a problemas hormonais, de desenvolvimento e reprodutivos. O Inmetro determina limite de 0,1% de ftalatos em brinquedos de PVC, mas um teste feito pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) em 2008 encontrou produtos que excediam em 390 vezes essa marca.
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A produção de lixo também está entre os problemas dos brinquedos de plástico que foram citados pela pesquisa. Misturas de tipos de plástico e adições na composição dos brinquedos podem impossibilitar a reciclagem do produto. Isso também ocorre com as embalagens desses brinquedos – as pesquisadoras ressaltam que 40% dos plásticos encontrados nos oceanos são provenientes de embalagens. A publicidade, que incentiva e acelera o consumo e o descarte de plástico, e a ausência de um modelo de consumo sustentável, que inclua a doação e troca de brinquedos, fazem com que muitos produtos praticamente novos sejam deixados de lado, indo para o lixo.
Para dar uma ideia da dimensão do problema, as pesquisadoras explicam que, entre 2018 e 2030, o Brasil vai produzir cerca de 1,38 milhão de toneladas de brinquedos de plástico. “Como comparação, considerando um caminhão de lixo padrão de 7 toneladas de capacidade e 10 metros de comprimento, esse montante equivale a 198 mil caminhões enfileirados de São Paulo a Salvador”, diz o texto da pesquisa.
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Para combater os problemas dos brinquedos de plástico, o estudo sugere mudanças, como mais incentivo ao livre brincar na natureza e à doação ou troca de brinquedos. Também sugerem o incentivo a uma economia circular, que vise diminuir a produção de lixo, além do investimento na produção de brinquedos verdes e sustentáveis.
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