Estilo de Vida

Pague para dormir: saiba como é tirar uma soneca em um ‘cochilódromo’ em SP

O 2º andar do prédio de número 871 na rua Joaquim Floriano, no Itaim Bibi, zona sul de São Paulo, reserva um paraíso para o descanso. Ao sair do elevador, o visitante se depara com um balcão com a palavra que muitos paulistanos sonham durante o dia de trabalho: «Cochilo«. O estabelecimento, de mesmo nome, é um «cochilódromo» – local com cabines acústicas privadas para o descanso individual.

Uma senhora aguarda para atendê-lo atenciosamente e oferecer os produtos da loja: valiosos minutos de uma soneca. A recepção é completa por uma copa, um cantinho para tomar café e um quadro com a tabela de preços (que vão de R$ 12, para 15 minutos, até R$ 25, para 60 minutos). Embora o espaço seja pequeno, é sutilmente aconchegante.

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A reportagem do Metro Jornal testou o serviço em um merecido sono de 30 minutos, duração recomendada por profissionais da saúde. A ideia é não cair no sono profundo, para reduzir sonolência e cansaço, mas não atrapalhar o descanso à noite – o que costuma acontecer, em média, em meia hora. «O cochilo pode melhorar aspectos comportamentais, cognitivos e até a memória», afirma Paula Araújo, doutora em medicina e biologia do sono.

No entanto, é preciso estar atento ao horário. Assim como a sesta, tradicional na Espanha, a recomendação é que o cochilo seja tirado no início da tarde. «É nesse horário que há uma queda na temperatura fisiológica. É o momento ideal», diz a médica, que também faz parte da Absono (Associação Brasileira do Sono). «Tirar uma pausa em qualquer horário não significa que será benéfico para o corpo.»

Para o artista plástico e cliente Emerson de Alencar, os espaços ajudam a desestressar no meio do dia. Ele conta que mora no litoral e trabalha em São Paulo, em uma rotina «sempre muito corrida e frenética». Agora que tem o hábito de descansar mais frequentemente, Alencar percebe que ganhou mais qualidade de vida. «Aproveito o espaço sempre para fazer meditação e escapar do caos urbano.»

Segundo a empresária Camila Jankavski, uma das sócias fundadoras da Cochilo, «é muito além do sono, o espaço também fornece acolhimento e privacidade». O momento é de respiro e refúgio, diz ela.

A minha experiência

Cochilo cochilódromo Itaim Bibi
O corredor do cochilódromo lembra a aparência interna de uma aeronave.

Não é todo dia que sou pago para dormir, muito pelo contrário. A pauta para descrever a experiência de tirar uma soneca em um «cochilódromo» no meio do expediente foi sugerida a mim, e eu não tinha como negar.

Quando cheguei no local, fui levado até a cabine que seria completamente minha nesse período de tempo, passando pelo corredor que lembra um pouco a aparência interna de uma aeronave. Ao todo, são 17 na unidade do Itaim Bibi; fiquei na de número 13.

Lá, a iluminação branca divide seu espaço com uma luz azul, que banha completamente o recinto – também estreito, porém relaxante. Há ganchos para pendurar pertences, uma mesa de cabeceira, um fone e tampões de ouvido. A cama tem formato em «S», que colabora para o relaxamento muscular e para que, por exemplo, uma pessoa que acabou de almoçar não tenha problemas com a digestão.

Após me passar algumas instruções de como utilizar o cronômetro do cochilo, a senhora me deixou à minha própria presença. A sós, guardei minha mochila e meu casaco, tirei meus sapatos e deitei na cama. Mais dura e, ao mesmo tempo, mais confortável do que imaginei.

Eram 11h, depois de ter passado quatro horas no escritório. Em um primeiro momento, fiquei olhando para o teto, tentando piscar de forma mais vigorosa. Nada. Tentei adormecer ouvindo sons da natureza (cachoeiras, pássaros e tudo o que fizer você esquecer que está, na verdade, em uma selva de pedra) nos fones, mas ainda continuei em modo vigília.

Com o tempo, comecei a perceber alguns incômodos. Tenho o costume de dormir em posição fetal, especificamente do lado esquerdo, o que não era possível na cama em «S» – só depois descobri que, segundo a médica, o design não foi pensado para o padrão do sono profundo, mas sim para o descanso. O canto dos pássaros também começou a me intrigar, e algumas perguntas começaram a passar pela minha cabeça: que pássaros são esses e onde estão? Nesse frenesi de pensamentos, até pensei em como abriria este texto.

Para quem não está acostumado a tirar uma pausa no meio do expediente, a soneca não foi tão fácil quanto poderia. Segundo a médica Paula Araújo, essa inquietação é normal e resultado da ansiedade do cotidiano. «No meio do dia, com tantos afazeres, pode ser difícil tirar um cochilo. Não tem como desligar e conseguir dormir», comenta a especialista. Por isso, ela recomenda que o «cochilante» tenha estratégias para diminuir a ansiedade, diminuindo as atividades que aumentem a frequência cardíaca, como correr e beber café, por exemplo.

Foi só quando troquei para uma música new age, à la meditação, que pude me concentrar no sono. Alguns minutos depois, acordei com a cama vibrando, e a luz do quarto se tornando predominantemente branca; acabou meu cochilo – de volta à realidade.

Serviço

Cochilo
Unidade Centro: Praça Antônio Prado, 33 – CJ. 710 e 711
Unidade Itaim: Rua Joaquim Floriano, 871 – CJ. 21 e 22
Segunda a sexta, das 7h às 19h
De R$ 12 a R$ 25
cochilo.com.br

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