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As minas fazem sucesso! Dopamina Comedy estende temporada de shows em São Paulo

Em um pequeno teatro no centro de São Paulo, toda quarta-feira, um grupo de mulheres se reúne para fazer comedia. Entre histórias de chorar de rir e piadas politicamente incorretas, o público vai ao delírio com o Dopamina Comedy no Teatro Pequeno Ato (Rua Dr. Teodoro Baima, 78 – República).

«Até quando dá errado tem graça», assume Renata Said, comediante e idealizadora do projeto que busca oferecer um espaço para mulheres da cena do Stand Up — sejam elas profissionais ou amadoras — testarem suas piadas.

A noite de estreia aconteceu em junho. Mas o sucesso foi tamanho que elas tiveram que estender a primeira temporada, que terminaria neste mês, até dezembro.

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Mulheres no palco, mulheres na plateia

Renata conta que a maior parte do público é feminina, mas é o sexo oposto que costuma procurá-las para elogiar o espetáculo. «Eles vão esperando que a gente vai falar mal de homem, mas se surpreendem», afirma.

Os ingressos são gratuitos e disponibilizados online duas semanas antes de cada show. Até agora, para a felicidade das comediantes, foi casa cheia em todas as apresentações. E precisa ser assim: o projeto é feito a partir de contribuições das próprias integrantes. «No final da noite, a gente passa o chapéu [risos]. Consideramos um investimento de carreira. A gente quer se consolidar», diz a organizadora.

«Não preciso ser a melhor mulher da comédia, posso ser a melhor comediante»

Renata Said é publicitária de formação e comediante há um ano e meio. Depois de transitar pela noite paulista da comédia, viu a necessidade de criar um espaço em que as mulheres pudessem testar suas piadas — assim como os diversos já existentes e dominados por homens.

Ela conversou com o Metro Jornal sobre sua carreira, processo criativo e como vê o projeto ganhando público, mesmo que a «a passos de formiguinha».

Por que criar um projeto de comédia só de mulheres?

Renata: Todo comediante precisa de um espaço para testar as piadas. Já existem noites como essa, só que compostas apenas por homens. E tem uma leva de mulheres surgindo em peso na comédia! A gente quer que as pessoas vivam a experiência da comédia. O negócio é fazer rir. Quando elas riem, só depois vão lembrar: «nossa, verdade, só tem mulher». Claro que mostrar mulheres é um movimento feminino e feminista, mas o humor está acima de tudo. É um primeiro passo para que as pessoas não façam mais essa distinção de gênero.

Humor tem gênero?

Renata: Não, e também não tem limite. A questão com as mulheres é que a gente chegou depois [que os homens] e tem que correr atrás mais rápido. As influências da cena ainda são majoritariamente masculinas. Tudo que é novo causa estranheza. «Ah, mas mulher não faz comédia bem», «mulher fala do mesmo tema». Fazer comédia é prática, estudo, esforço e dedicação. O processo é igual para homens e mulheres.

Você vê diferença entre o tipo de comédia feita por homens e mulheres?

Renata: Os temas são diferentes. Como eles tinham domínio maior da cena, podiam dizer o que quisessem. Agora, a gente faz os caras repensarem o tipo de comédia deles. Querem fazer piada de mulher, de relacionamento difícil? Vão ter que ouvir o nosso lado também. Os caras que são bons variam os temas porque veem que isso enriquece [a apresentação]. A gente já faz isso naturalmente.

As pessoas ainda atribuem o humor mais ácido aos homens. Por que isso acontece?

Renata: A sociedade espera que a mulher seja mais polida. Tem comediantes homens muito bons, mas quando chega um cara fazendo humor negro, ele está em um lugar mais seguro que uma mulher. Ele acaba se permitindo cair no clichê da piada porque sabe que não vão cair matando tanto quanto se fosse uma mulher. Todo mundo é ateu até o cachorro sair da coleira [risos].

O humor do público vem mudando?

Renata: A passos de formiguinha [risos]. O que chamam de «mimimi» é, na verdade, uma mudança de comportamento. As pessoas estão começando a entender que fazer piada de muita coisa já não faz mais sentido. Mas, claro, a maior parte do público ainda consome esse tipo de piada. Reforço: se a piada é bem feita, a gente pode rir de tudo, não vai ofender.

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