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8 gráficos que mostram quem são os imigrantes que escolheram os EUA como lar

O que sabemos sobre as 45 milhões de pessoas que nasceram no exterior e moram hoje em território americano.

Os EUA são um país formado por ondas de imigração – ainda assim, em muitos capítulos de sua história, houve controvérsia em relação aos recém-chegados.

Um olhar mais atento àqueles que escolheram viver no país revela as grandes mudanças que ocorreram ao longo do tempo e a contribuição dada pelos imigrantes.

Moradores dos EUA nascidos no exterior

Quase 14% da população atual dos EUA nasceu no exterior. O percentual representa um aumento acentuado em relação à baixa histórica registrada em 1970, quando chegou a menos de 5%, mas é aproximadamente o mesmo que vigorou de 1870 a 1910.

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Após uma onda de desembarques da Europa no fim do século 19, a imigração caiu drasticamente – de cerca de um milhão por ano em 1910 para apenas 165 mil em 1924. Isso foi resultado em grande parte da limitação no número de imigrantes de determinados países, mas a turbulência econômica da Grande Depressão e as duas guerras mundiais também desempenharam um papel importante.

Na segunda metade do século 20, as cotas aumentaram e políticas destinadas ao reagrupamento familiar foram introduzidas. Em 1986, foi concedida anistia a muitas pessoas que viviam ilegais nos EUA.

Hoje, a população nascida no exterior varia muito de acordo com a região do país – vai de menos de 5% em partes do sudeste e centro-oeste, a mais de 20% em Estados como Califórnia, Flórida, Nova Jersey e Nova York.

Os filhos da nação

Embora o número de imigrantes que chegam agora aos EUA seja apenas metade do observado por volta de 1900, o percentual total da população nascida no exterior é semelhante.

Nos Estados Unidos, a crescente proporção de imigrantes na população não se deve simplesmente à chegada de mais pessoas, mas também à queda na taxa de natalidade entre os nativos.

Desde a década de 1960, a média de filhos por mulher nos EUA caiu de 3,7 para 1,8. Isso levou a uma queda no número de pessoas consideradas no auge da idade ativa para trabalhar (de 25 a 54 anos) que são filhos de pais nativos.

Em contraste, a população de imigrantes e seus filhos continuou a crescer.

O status legal dos imigrantes

A maioria dos imigrantes dos EUA está no país legalmente.

De acordo com dados de 2014, 44% da população nascida no exterior tem cidadania americana. Outros 27% possuem green card – o que faz deles residentes permanentes legais – e 4% são residentes temporários com autorização para morar no país.

Cerca de um em cada quatro imigrantes, ou 11,1 milhões de pessoas, vive no país sem autorização legal. Este percentual caiu, após uma queda acentuada na imigração não autorizada de cerca de 500 mil por ano no início dos anos 2000 para aproximadamente zero desde 2009.

Cerca de 75% dos imigrantes ilegais vivem nos EUA há mais de 10 anos. Menos de um em cada cinco tem até 24 anos – e três em cada quatro têm idades entre 25 e 54 anos.

Aproximadamente 800 mil pessoas que entraram nos EUA quando crianças buscam status legal temporário. São os chamados «sonhadores», cujo status legal foi questionado pelas mudanças políticas introduzidas pelo governo Trump.

De onde são os imigrantes

Hoje, a maioria dos imigrantes que chega aos EUA vem da América Latina ou da Ásia – uma grande mudança em relação a um século atrás, quando a maioria chegava da Europa.

De acordo com dados de 2017, 27% dos residentes nascidos no exterior são do México, em comparação com menos de 2% em 1910. Outros 17% são de outros países da América Latina, incluindo El Salvador e Cuba.

Quase um em cada três imigrantes dos EUA é proveniente de países asiáticos, sendo a Índia e a China responsáveis pela maior parcela – 6,5% e 4,7% de todos os imigrantes, respectivamente.

Ao mesmo tempo, um em cada dez imigrantes era da Europa, contra nove de cada dez em 1910.

Embora as procedências tenham mudado, a tendência é que os imigrantes venham de lugares mais pobres que os EUA, pois as pessoas costumam buscar melhores condições de vida. A renda per capita em 1910 na Itália era cerca de um terço da dos EUA, como é o caso do México hoje.

Educação dos imigrantes

Uma das formas mais claras de analisar a diversidade na imigração é observando a variação nos níveis de escolaridade.

Os imigrantes são mais propensos a ter mestrado ou doutorado do que os filhos de pais nativos. No entanto, quase um em cada quatro imigrantes não completou o ensino médio – em comparação com cerca de uma em cada 20 pessoas nascidas nos EUA.

No entanto, os imigrantes dos EUA tendem a ser mais qualificados do que seus pares que não deixaram a terra natal.

Isso pode ser explicado pela limitada rede de segurança social disponível para aqueles que têm poucas perspectivas, pelas possibilidades melhores para imigrantes altamente qualificados e pelo custo relativamente alto para muitos chegarem aos EUA.

Independentemente da formação dos pais, filhos de imigrantes costumam atingir resultados educacionais semelhantes aos dos filhos de nativos.

Imigrantes na economia

Os imigrantes contribuem diretamente para o crescimento econômico – aumentando a população e a demanda por bens e serviços.

Conceder cidadania a imigrantes sem autorização e permitir mais imigrações elevaria o crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB) – valor total de bens e serviços produzidos – em 0,33 ponto percentual na próxima década, estima o Escritório de Orçamento do Congresso dos EUA. Em contrapartida, a expulsão de imigrantes ilegais reduziria o crescimento em 0,27 ponto percentual ao ano.

Isso é significativo quando se trata de crescimento econômico nacional. Um investimento em infraestrutura de US$ 1,5 trilhão em 10 anos pode impulsionar o PIB em 0,1 a 0,2 pontos percentuais ao ano.

Os imigrantes também contribuem para o crescimento econômico de maneira indireta.

Embora correspondam a apenas 18% dos trabalhadores com mais de 25 anos, são responsáveis ​​por 28% das patentes de alta qualidade – um sinal de progresso tecnológico subjacente, ligado à produtividade e ao crescimento econômico.

A produção na economia é maior e cresce mais rapidamente quando há mais imigrantes, pois eles colaboram para aumentar o número de trabalhadores e a produtividade.

Os profissionais imigrantes foram responsáveis ​​por 39% da alta de empregos na área de ciência, tecnologia, engenharia e matemática – chegando a 29% de todos os trabalhadores neste setor – em 2010.

No entanto, eles são mais propensos a ser contratados no setor de serviços, como chefs, empregados domésticos e auxiliares de enfermagem.

Os imigrantes também tendem a ter um impacto positivo nas finanças dos EUA – pagando mais impostos do que recebem em serviços do governo, quando comparados aos profissionais nativos.

É particularmente impressionante que, entre trabalhadores pouco qualificados, os imigrantes tenham uma probabilidade maior de estar empregados e uma chance menor de receber benefícios do governo do que os nascidos nos EUA.

Desde o início da história dos EUA, os imigrantes têm sido parte integrante do tecido que une a economia e a sociedade americana.

Entender quem eles são e o papel que desempenham no país pode ajudar a pautar o debate em torno daqueles que vão morar no país nos próximos anos.


Sobre este artigo

Esta análise foi encomendada pela BBC a especialistas que trabalham para uma organização externa.

Jay Shambaugh é diretor do The Hamilton Project e pesquisador sênior em estudos econômicos na Brookings Institution. Ryan Nunn é diretor de políticas do The Hamilton Project e pesquisador de estudos econômicos na Brookings Institution. Kriston McIntosh é diretor administrativo do The Hamilton Project.

Esta análise é baseada no artigo A dozen facts about immigration, de autoria deles.

A Brookings Institution é uma organização de políticas públicas sem fins lucrativos, que conduz pesquisas que levam a novas ideias para a solução de problemas enfrentados pela sociedade.


Editado por Duncan Walker

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