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Halloween: tempo de desapegar

Samhain, data hoje conhecida como ‘Dia das Bruxas’, traz um convite a deixar ir

O que você precisa deixar para trás na sua vida, para que o novo possa chegar? Esse é o real convite do Samhain, antiga celebração do ano novo celta. A data, hoje conhecida como Halloween, perdeu muito do seu sentido original, se tornando algo mais parecido com o nosso Carnaval, com muita festa à fantasia. Mas este período pode ser vivido de forma muito mais significativa e transformadora.

PERÍODO TRAZ A OPORTUNIDADE DE CELEBRAR A ANCESTRALIDADE

O período entre 31 de outubro e 2 de novembro reúne o Halloween nas culturas anglo saxãs, o nosso Dia de Finados e a Festa de Los Muertos. A última é celebrada em vários países da América Central e sua tradição é anterior à chegada dos espanhóis, remontando ao tempo dos astecas, maias, purépechas, náuatles e totonacas. Longe de serem celebrações macabras, ela nos trazem uma grande oportunidade de celebrar nossa ancestralidade e aprender a difícil arte do desapego. 

Similar ao simbolismo da Festa de Los Muertos, na tradição celta do Samhain acredita-se que neste período o véu entre “os mundos” se torna mais tênue e podemos nos conectar mais facilmente com as pessoas que já morreram, principalmente com nossos ancestrais.

Acreditando ou não se isso é verdade, a data pode ser um convite a honrar aqueles que vieram antes de você. Um momento de reconhecer o valor de sua família de origem, de sua cultura e o que eles aprenderam e deixaram de legado para você.

APRENDENDO A ARTE DO DESAPEGO

Sendo um período em que o simbolismo da morte está muito evidente, é um momento também para revermos nossa relação com esse tema. Em nossa cultura o conceito de morte está muito ligado ao de perda. De fato, quando alguém que nos é querido morre, muitas vezes dizemos “quando perdi fulano…” ou “a perda daquela pessoa…”. É claro que a ausência daqueles que amamos é difícil e traz muitos aprendizados, mas pode ser vivida com sabedoria se soubermos nos relacionar de uma forma diferente com o conceito de morte.

Da mesma forma, temos muita dificuldade de fechar ciclos em nossa vida. Finalizar relacionamentos, abrir mão de um trabalho que nos deprima ou passar para uma nova etapa de nossa existência. Aqui o que fica evidente é o quanto somos apegados ao momento e ao que vivemos, mesmo que isso já não seja o melhor para nós.

APEGO PODE TRAVAR A FLUIDEZ DA VIDA

Atualmente, queremos muito. Queremos ser tudo, ter tudo, acumular bens, dinheiro, amigos, seguidores, likes….E o resultado? Casas atulhadas, perfis em redes sociais lotados de pessoas que mal conhecemos e uma busca desenfreada por sucesso. O desgaste pessoal é tão grande, que a conta não fecha. Vivemos um momento em que buscamos muito, mas, de fato, pouco temos. Começamos a caminhar pela vida carregando um peso enorme e não deixamos espaço para a energia fluir nos ambientes e em nossas vidas. E o que fica é um cansaço geral e sensação de acúmulo e trava.

Energeticamente é fácil de explicar, fazendo um exercício:

  1. Feche os olhos e visualize você andando por um caminho livre e ensolarado, sem obstáculos. Você carrega uma bolsinha leve e anda com facilidade e tranquilidade. Como é a sua sensação?
  2. Agora se visualize andar pelo mesmo caminho, só que dessa vez tentando levar uma mala de um lado, uma sacola pesada do outro e uma caixa equilibrada em cima da mala. Como foi a experiência?

Mesmo que o caminho seja livre e ensolarado, qualquer deslize na estrada será desconfortável, a luz do sol pode facilmente virar calor, suor e cansaço. E é assim que muita gente caminha pela vida: se equilibrando e tentando dar conta de tudo. O que resulta desse modo de caminhar é o sentimento de que não importa o esforço, a vida não anda ou de que determinadas áreas dela parecem sempre estar travadas.

A SABEDORIA DOS CICLOS DA NATUREZA

Precisamos aprender a sabedoria dos ciclos da vida e deixar que determinadas mortes aconteçam para que o novo possa chegar. Se formos pensar na natureza, tudo é cíclico. Vivemos os ciclos da lua, os ciclos das estações, os planetas se movimentam dessa forma e a terra faz dois movimentos cíclicos (translação e rotação). A vida tem um ciclo natural de nascimento, vida e morte que, mais do que aceitar, precisamos honrar e valorizar.

Para entender a importância dessa vivência dos ciclos, reflita sobre essas duas perguntas:

  1. O que você precisa deixar ir na sua vida, para que o novo possa chegar?
  2. O que você pode abrir mão agora, para se sentir mais leve e ter clareza sobre os seus próximos passos?

Quando passamos a enxergar a importância das muitas mortes que temos que viver para abrir espaço para novas etapas, passamos a nos sentir mais no fluxo natural da vida. Nesse momento, até coisas inusitadas podem acontecer. Ao limpar a casa e jogar muitos objetos parados, obsoletos fora, por exemplo, sua vida financeira pode se abrir. Ao abrir mão de determinados sentimentos que não lhe servem mais, novas parcerias podem surgir. Ao honrar aqueles que já foram e o que lhe ensinaram, ao invés de se lamentar pela sua ausência, você pode se sentir muito mais próximo deles e até aliviar a saudade.

EXERCÍCIO DO DESAPEGO NO SAMHAIN

Então que tal aproveitar esse momento do ano para exercitar o desapego, viver suas próprias mortes e se abrir para o novo ciclo com leveza, alegria e fluidez? Você pode praticar o exercício a seguir em qualquer época do ano, mas do dia 31 ao dia 4 de novembro você tem um impulso para se renovar.

Vamos lá? Trabalharemos o desapego em vários níveis do ser:

No físico:

  1. O Feng Shui já traz os ensinamentos da importância de ambientes livres de objetos obsoletos ou muito atulhados de coisas. Segundo essa sabedoria ancestral oriental, precisamos deixar que a energia vital (o chi) flua nos locais.
  2. Nesse exercício, te convido a tirar uns dias para jogar fora, doar ou vender tudo que não sirva mais: roupas que você não tenha usado no último ano, objetos quebrados, velhos ou que deixem qualquer ambiente da sua casa travado.

No emocional

  1. Liste todos os sentimentos que deixam você para baixo atualmente. Faça essa lista percebendo os caminhos que suas emoções fazem. Ex: começo sentindo medo de determinada situação, em seguida vou para o desânimo e por aí vai.
  2. Em seguida, liste todas as situações ou pessoas que estão relacionadas a esses sentimentos e perceba quais delas você pode abrir mão hoje. E isso não significa brigar com ninguém. Desapegar pode ser um ato de simplesmente deixar de seguir alguém numa rede social, ter menos contato ou viver de forma mais independente daquela pessoa.
  3. Aqui, desapego emocional pode ser mais difícil, pois normalmente acreditamos não ter controle de nossos sentimentos ou apego a determinadas pessoas. Nesses casos, a busca por um caminho terapêutico ou uma limpeza mais energética pode te ajudar.

No mental

  1. No nível mental posso dar uma dica de cara. Atualmente grande parte do desgaste mental vem do excesso de informação.
  2. Pare e pense: quanto tempo dedico às redes sociais, televisão e ao celular atualmente? Esse tempo é realmente necessário para minha vida? Em caso positivo, responda também: por quê? Em caso negativo, responda: como você pode reduzir o tempo dedicado a essas mídias e incluir atividades que lhe inspirem e motivem mais?
  3. Tenha atenção, pois o excesso de informações e as energias de raiva e conflitos dessas mídias tem afetado o equilíbrio de muita gente.

No espiritual

  1. Uma forma que gosto de pensar no desapego espiritual está ligado à ancestralidade. Muitas vezes por apego e até amor aos nossos ancestrais mais próximos como pais e avós, repetimos modelos e padrões de vida que não possuem sintonia com quem realmente somos. Em outros casos, de forma inconsciente repetimos questões de parentes mais distantes que nem tivemos a oportunidade de conhecer como tataravós ou até anteriores a esses. Para um desapego de questões mais profundas, indico a vivência da Constelação Familiar, que te ajuda a ver como determinadas situações que você vive podem vir da sua relação com ancestrais, que precisa ser curada e ressignificada para que você possa dar novos passos em nossa vida.

Se fazer esse exercício parecer difícil para você, tenho também um áudio com uma gravação gratuita de meditação guiada de limpeza energética, no qual você pode vivenciar alguns desapegos de forma meditativa.

Desapegar não significa jogar fora com raiva, podemos deixar ir o que não serve mais, agradecendo pelo que essa fase nos trouxe e pelos seus aprendizados. O ressentimento pode ser na verdade uma forte indicação de apego, ao contrário do desprendimento.  A real sabedoria do Samhain está neste fechamento de um ciclo, reconhecendo o que ele teve de bom, deixando que algumas mortes aconteçam, para adentrarmos no novo com mais leveza e fluidez.

Happy Samhain para você!

 

Carolina Senna

Sócia-fundadora do Personare e diretora da empresa há 14 anos. Nesta trajetória, passou a entender a fundo as causas e consequências dos grandes males da "vida moderna", como estresse e depressão.

senna@personare.com.br

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