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5 comidas fedorentas que você provavelmente não teria coragem de provar

De um queijo com larvas ao prato mais fedorento do mundo, há pratos tradicionais da culinária de alguns países que desafiam até os mais aventureiros da gastronomia.

Diz o ditado popular que «gosto não se discute». Mas existem algumas comidas que são, literalmente, difíceis de engolir.

Em muitos países, há quitutes locais que pessoas de fora daquela cultura jamais se aventurariam a provar.

Com frequência, é algo podre – mas não se assuste, afinal, o queijo é um produto do leite em estado de decomposição, como o vinho é da uva, e a cerveja, da cevada.

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Até os cientistas dizem hoje em dia que consumir alimentos fermentados traz benefícios, porque melhora drasticamente o microbioma do organismo ao introduzir bactérias boas no intestino.

É preciso esclarecer, no entanto, que os cientistas e os produtores de alimentos distinguem os processos de fermentação e putrefação, que não são sinônimos, ainda que ambos envolvam a decomposição de proteínas.

Confira a seguir algumas destas delícias culinárias, que provei pela primeira e última vez na vida.

Nota: As descrições neste texto refletem unicamente o gosto pessoal do autor e não são uma avaliação imparcial dos pratos.


Um queijo chorão

Não há coisas mais surpreendentes que este queijo da Sardenha, chamado «casu marzu«. Ele é tão incomum que, segundo as normas europeias de higiene e saúde pública, é proibido produzi-lo.

No entanto, o veto parece ter despertado mais curiosidade e apetite do público. Imediatamente depois de a proibição entrar em vigor, surgiu na Sardenha um próspero mercado negro de casu marzu e, em toda a Europa, pessoas pagam boas somas de dinheiro para conseguir um exemplar.

Mas por que esse queijo é tão peculiar?

Primeiro porque, ainda que sua produção não seja tão difícil, comê-lo é outra história.

Para fazê-lo, um queijo pecorino é deixado em um local seco e tranquilo para que ele apodreça. Assim, as moscas podem se aproximar e depositar seus ovos nele.

Estes ovos se transformam em larvas, conhecidas localmente como «vermes do queijo». Graças ao seu processo de digestão, o queijo começa a secretar gotas de líquido que são chamadas de lágrimas.

Quando o queijo «chora», é sinal de que chegou a hora de comê-lo. Mas isso não é tão simples.

As larvas da mosca se assustam facilmente e, quando temem por sua vida, elas saltam – chegam a atingir 15 cm de altura.

Por isso, para provar o queijo, é preciso usar uma mão para cortar com uma faca um pedaço e usar a outra para cobrir o rosto para evitar os vermes saltitantes.

Quem gosta de comer as larvas pode colocar o queijo em um saco de papel e comprimi-lo. As larvas sentirão a falta de oxigênio e começarão a saltar. Quando pararem, é hora de comer o queijo… e os vermes estarão mortos.


Ureia abundante

Diante de uma situação difícil, a engenhosidade humana não tem limites.

Imagine que você vive na Islândia, em um século distante. A comida no país é pouca, mas as águas estão cheias de tubarões da Groenlândia.

Bem, você dirá, qual é o problema? Vamos pescá-los e comê-los! Mas não é tão simples.

Para os humanos, a carne do tubarão da Groenlândia é letal, porque está repleta de ureia. No entanto, isso não foi um impedimento para os islandeses.

O que eles fazem é capturar um tubarão, tirar suas vísceras e cortar sua cabeça. O corpo é enterrado, então, na areia. Sobre o «túmulo» do animal, são colocadas muitas pedras para fazer uma pressão e tirar todos os líquidos do cadáver.

Ele é deixado para apodrecer até o momento em que nem as gaivotas se aproximam mais para comer sua carne. Ele é desenterrado, cortado em pedaços, que ficam apodrecendo por mais alguns meses.

Finalmente, chega a hora de comê-lo. Como seu odor e sabor são muito fortes, a tradição determina que cada pedaço seja acompanhado por um copo de aguardente local. Ambos devem ser engolidos o mais rápido possível.

Se você não tem tempo nem energia para esse preparo, pode ir a qualquer supermercado da Islândia e pedir um pedaço de hákarl.


O melhor café da manhã

O costume de comer algo bem podre é comum em todos os continentes. O natto é, por exemplo, um prato tradicional japonês.

É simplesmente soja fermentada, ou seja, totalmente podre, como seu sabor e odor comprovam. A consistência é pegajosa, e sua aparência, bem parecida com o que produz uma criança que tem uma infecção intestinal.

E é o café da manhã mais popular entre os japoneses.


Recorde mundial

Em muitos lugares, o aroma – mais propriamente o fedor – deste produto é especialmente apreciado.

Não estamos falando do roquefort nem do gorgonzola. Comparado a algumas invenções culinárias, esses queijos parecem um jardim de rosas.

É quase impossível achar algo mais fedorento do que o surströmming, segundo cientistas japoneses que compararam o odor de vários alimentos.

Na Suécia, recomenda-se comê-lo na rua, já que fazer isso em casa poderia deixar o local com esse cheiro peculiar por dias ou até semanas.

Trata-se de uma invenção incrível. Os suecos decidiram que comer o arenque do Báltico puro ou apenas com sal eram algo tedioso ou prosaico demais.

Há muitos séculos, tiveram a brilhante ideia de salgá-lo e mantê-lo em água para que fermentasse. No século 19, melhoraram a receita metendo o arenque fermentado em latas fechadas para que seguisse se decompondo dentro delas.

Durante a fermentação, as bactérias produzem sulfeto de hidrogênio, assim como ácidos acético, propiônico e butírico. As latas começam a inchar e, às vezes, explodem.

Além de comer esse apetitoso manjar, no fim de agosto de 2018 os suecos encontraram outro fim para seu tradicional arenque.

Os neonazistas suecos iam marchar pela capital, Estocolmo. A rota havia sido acordada com as autoridades. Mas, pouco antes da caminhada começar, alguém abriu uma lata surströmming e derramou o líquido por onde iam passar.

Há coisas que nem sequer os ultranacionalistas locais são capazes de suportar.


Ovos do século

Ninguém tira o crédito da China por seus inúmeros pratos com ingredientes incrivelmente deliciosos.

Mas há ao menos um cujo nome deixa claro o que se pode esperar: ovo de cem – às vezes mil – anos. Qualquer que seja o número e ainda que isso não revele precisamente o tempo passado desde que foi posto, pode ter a certeza de que algo que você não pode esperar dele é frescor.

A forma mais fácil de obter o resultado desejado é pegar ovos de pata, cobri-los com cal e envolvê-los em papel celofane para bloquear o acesso a oxigênio. Em seguida, deixá-los em um local seco e que não seja muito frio por 3 a 6 meses.

Quando chega a hora de comê-los, você tem de estar preparado para resistir ao cheiro de amônia.

Os ovos «centenários» têm ainda outra vantagem, além de seu sabor peculiar, se é que isso te agrada: podem ser armazenados por anos – mas não por séculos.

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