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Nasa, 60 anos: 6 momentos-chave da história da agência espacial

A chegada do homem à Lua, a tragédia do ônibus espacial Challenger, as espetaculares imagens do telescópio Hubble e a exploração de Marte são alguns dos eventos que marcaram a vida da Nasa e foram acompanhados por milhões de pessoas no mundo.

No dia 1º de outubro de 1958, 60 anos atrás, os Estados Unidos davam início às operações de uma agência criada para mergulhar nos mistérios do espaço.

A chegada do homem à Lua, a tragédia do ônibus espacial Challenger, as primeiras imagens do nosso planeta como um pequeno ponto azul no universo e a exploração de Marte, entre outros eventos, marcaram a história da Agência Aeronáutica e Espacial do país, a Nasa.

O presidente Dwight Eisenhower havia promulgado no dia 29 de julho daquele mesmo ano uma lei que criava a Nasa, em meio a uma feroz corrida em que os Estados Unidos buscavam mostrar superioridade em relação à União Soviética.

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Moscou dera início à corrida espacial em 1957, colocando em órbita o primeiro satélite artificial, o Sputnik, quatro meses antes do lançamento do primeiro satélite americano, Explorer 1.

A Nasa nasceu com cerca de 8 mil empregados, já que incorporou o Comitê Nacional Para a Aeronáutica, absorvendo não só seu orçamento e laboratórios, como também sua equipe.

Seis décadas depois, esse número mais que dobrou: aproximadamente 18 mil pessoas trabalham agora para a agência que explora os mistérios do Universo, incluindo os do nosso próprio planeta.

A BBC Mundo, serviço em espanhol da BBC, relembrou seis capítulos-chave de sua história.

1. 1969: as missões Apolo e a chegada à Lua

A União Soviética saiu na frente dos Estados Unidos quando Yuri Gagarin se tornou, em 12 de abril de 1961, o primeiro ser humano a viajar ao espaço, um mês antes do americano Alan Shepard repetir a façanha.

Nesse mesmo ano, o presidente John F. Kennedy fez seu famoso discurso: «Creio que esta nação deve se comprometer a mandar, antes do fim da década, um homem à Lua e fazê-lo voltar são e salvo à Terra».

O programa Apolo – dedicado a esse fim – começou dois anos depois, mas seu início foi marcado por uma tragédia.

O Apolo 1 jamais se concretizou. Um incêndio no comando da aeronave durante testes na plataforma de lançamento matou três tripulantes, os astronautas Vigil Grisson, Edward White e Roger Chaffee, no dia 27 de janeiro de 1967.

A mais famosa das missões Apolo foi a 11, que no dia 20 de julho de 1969 conseguiu que dois astronautas, Neil Armstrong e Buzz Aldrin, se tornassem um dos primeiros seres humanos a caminhar sobre a superfície lunar.

Cerca de 530 milhões de pessoas viram Armstrong pela televisão e escutaram suas históricas palavras: «um pequeno passo para um homem, um grande passo para a humanidade».

2. 1977: as sondas Voyager e ‘um ponto azul pálido’

As sondas Voyager 1 e 2 foram lançadas pela Nasa em 1977 e são hoje os equipamentos enviados por seres humanos ao espaço que chegaram mais longe.

Em 2013, o Voyager 1 se tornou o primeiro objeto criado pelo homem a alcançar o espaço interestelar – ou seja, passou do perímetro de influência do campo magnético do Sol.

Ambas as sondas levaram consigo o «Sons da Terra», um disco que incluía gravações de saudações em diferentes línguas e músicas de todo o mundo, incluindo composições de Beethoven e Bach e uma canção de Chuck Berry.

Em 1990, a Nasa, por sugestão do astrônomo Carl Sagan, fez a sonda se virar uma vez antes de seguir caminho pelo espaço, para captar uma imagem da Terra.

A célebre foto tirada a cerca de 6 milhões de km do nosso planeta inspirou o livro Pálido Ponto Azul, de Sagan, e mostra um pequeno ponto na vastidão cósmica.

«Esse é o nosso lar, esses somos nós, ali vivem todas as pessoas que você conhece, que ama, e todas as que já existiram», disse Sagan sobre a imagem em um discurso na universidade de Cornell.

«Não há melhor demonstração da loucura da arrogância humana do que estar diante dessa imagem de nosso minúsculo mundo. Para mim, ressalta nossa responsabilidade de tratarmos uns aos outros de forma mais amável, com mais compaixão, e de preservar e amar esse pálido ponto azul, nosso único lar.»

3. 1986: o desastre do Challenger

A era dos ônibus espaciais tinha começado em 1972, depois do fim das missões Apollo.

No dia 28 de janeiro de 1986, a nave espacial Challenger se desintegrou 73 segundos depois do lançamento, causando a morte dos sete membros da tripulação, incluindo Christa McAuliffe, primeira docente selecionada para o programa «professor no espaço».

O famoso físico americano Richard Feynman integrou a comissão que investigou o desastre.

O grupo apontou que a tragédia foi causada por uma borracha, chamada de junta tórica, que estava com defeito. A função da junta, em inglês O-ring, era juntar dois compartimentos dos foguetes externos de combustível usados pela nave.

O informe final destacou também que houve uma «catastrófica» falta de comunicação entre os engenheiros e os administradores da Nasa, sob pressão para lançar uma missão que era bastante midiática.

Os engenheiros acreditavam que seria melhor adiar o lançamento, já que se sabia desde a década de 1970 que sob baixas temperaturas as juntas poderiam dar problemas.

No dia do lançamento, estava atipicamente frio em Cabo Canaveral, na Flórida.

Enquanto os administradores da Nasa afirmaram que a probabilidade de uma grave falha era de uma em 100 mil, Feynman descobriu que os próprios engenheiros da agência haviam estimado a probabilidade de acidente em cerca de um a cada 200.

Numa audiência dramática, Feynman demonstrou os efeitos da junta de borracha botando um material comprimido por um instrumento em um copo com gelo. Ao liberar o material do instrumento, a junta não recuperou sua forma original; em outras palavras, as baixas temperaturas haviam afetado seu comportamento.

O físico resumiu suas conclusões em uma frase, que se tornou célebre: «Para uma tecnologia bem-sucedida, a realidade deve prevalecer sobre as relações públicas, a natureza não pode ser enganada».

4. 1990: Telescópio Espacial Hubble

O telescópio Hubble, assim chamado em homenagem ao astrônomo americano Edwin Hubble, foi colocado em órbita no dia 24 de abril de 1990.

O Hubble, que tem um período orbital de 96 a 97 minutos em torno da Terra e que fica a uma altura de 593 km acima do nível do mar, tirou algumas das fotos espaciais mais icônicas e impressionantes, como a «Pilares da Criação».

O sucessor do Hubble será o telescópio espacial James Webb, cujo lançamento está previsto para 2020.

5. 1998: Estação Espacial Internacional

A Estação Espacial Internacional (EEI) é um projeto conjunto entre Estados Unidos, Rússia, Japão, a Agência Espacial Europeia e a Agência Espacial do Canadá.

A primeira parte da estação foi lançada em 1998, e o último módulo foi colocado em 2011.

Mais de 200 astronautas de 18 países já visitaram a estação, que foi dividida em duas seções, o Segmento Orbital Russo e o Segmento Orbital Americano.

Ambas as seções têm financiamento até 2024.

A estação mede 109 metros de comprimento e 88 de largura. Orbita a Terra a cada 91 minutos a uma altura de 400 km. Isso significa que em 24 horas os astronautas da EEI veem 16 amanheceres e 16 entardeceres.

6. 2004: Exploração de Marte

A nave Mars Pathfinder foi lançada em 1996 e aterrissou no planeta vermelho em julho do ano seguinte, duas décadas depois do último programa desse tipo – o Viking, de 1976.

Em 2004, por sua vez, chegaram a Marte os veículos exploradores Mars Spirit e Opportunity, equipados com câmeras panorâmicas e espectrômetros para pesquisas geológicas.

A Nasa perdeu comunicação com a Spirit em 2011 e não há notícias do Opportunity desde que uma tempestade de areia afetou seus painéis solares em junho deste ano.

Em 2012, foi a vez do robô Curiosity, que acabou se tornando tão popular quanto muitas celebridades do Instagram por causa das numerosas selfies que tira enquanto explora o planeta.

O veículo encontrou na Cratera Gale, em 2015, indícios de água salgada perto da superfície do planeta. Neste ano, identificou moléculas orgânicas complexas em pedras de 3 milhões de anos de idade que indicam que Morte pôde ter vida no passado.

A missão Marte 2020 será a nova etapa de exploração da vida no planeta vermelho.

O veículo terá 23 câmeras, será equipado com uma broca e será capaz de selecionar e guardar amostras de solo que poderiam ser trazidas à Terra em missões futuras.

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