Estilo de Vida

Setembro amarelo alerta para a urgência de combater a estigmatização da depressão

Por que ainda é tão difícil falar sobre suicídio? A realidade mostra que o silêncio não tem funcionado. Anualmente, um milhão de pessoas tiram a própria vida, uma morte a cada 40 segundos, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde). Em geral, casos estão associados a transtornos mentais, como quadros de depressão e abuso de drogas. Para ajudar a reduzir esses números, a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) e o CFM (Conselho Federal de Medicina) há quatro anos lançaram a campanha Setembro Amarelo para alertar a população sobre a importância da prevenção.

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No Brasil, o suicídio é a segunda maior causa de morte de pessoas entre 15 e 29 anos. Atentos ao número elevado de ocorrências entre jovens, escolas de ensino fundamental e médio em São Paulo começam a criar grupos de apoio psicológico para trabalhar questões emocionais e desfazer ideias equivocadas, como a de que depressão é frescura.

Especialistas concordam que é preciso conversar sobre o assunto. “O diálogo às vezes é a melhor forma de evitar que quadros progridam”, observa o psiquiatra Celso Lopes, fundador do programa Semente, método que trabalha as habilidades socioemocionais em escolas. A proposta, segundo ele, é estimular os alunos a repensarem o enfrentamento de situações difíceis.

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O método foi avaliado pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). O estudo ouviu mais de 9 mil alunos de colégios onde o programa é utilizado e constatou uma melhora geral das habilidades socioemocionais. “Os pensamentos que determinam as emoções e não as situações que vivemos”, afirma o psiquiatra. Ele cita como exemplo, o caso de um tombo. A pessoa pode se sentir mal por ser vista caindo, ou ficar feliz por não ter se machucado.

“Procuramos mostrar que não há como evitar pensamentos negativos, principalmente em situações difíceis, mas podemos questioná-los quando emoções que surgem são desagradáveis”. Ferramentas como essa podem estimular novas maneiras de perceber e lidar com a realidade, diz o médico.

Na Universidade Positivo, de Curitiba, também foi criado um grupo de apoio emocional aos estudantes. “É importante estar atento ao comportamento do aluno. A pessoa que sofre com ideação suicida geralmente dá sinais”, afirma Fernanda Atta, psicóloga do serviço de apoio aos estudantes da universidade.

Iniciativas como essas, segundo especialistas, são bem importantes porque o ambiente escolar pode muitas vezes estar de algum modo associado ao problema. “Pressão nos estudos e bullying, por exemplo, não são as causas principais, mas podem ser mais um fator, ou a gota d’água que faltava para transbordar o copo de um jovem com pensamentos suicidas”, diz o psiquiatra Mário Louzã, do IPq (Instituto de Psiquiatria) do Hospital das Clinicas de São Paulo. “Na pessoa que já tem predisposição biológica e emocional, esses fatores podem se somar gerando essa situação de risco de suicídio”.

Mais informações sobre as ações de prevenção em: www.campanhasetembroamarelo.com.br.

Onde pedir ajuda?

  1. Serviços de saúde
    Caps e Unidades Básicas de Saúde (saúde da família, postos e centros de saúde)
  2. CVV (Centro de Valorização da Vida)
    Tel. 188 ou www.cvv.org.br para chat, Skype, e-mail
  3. Abrata (Associação Brasileira de Familiares e Portadores de Transtornos Afetivos)
    Tel. (11) 3256-4831 ou 11 3256-4698.
  4. GABrio (Grupo Afetivo Bipolar Rio)
    Tel. (21) 2576- 5198 ou (21) 997490-07. Site: www.evelynvinocur.com.br

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