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Suicídio: saiba como identificar se um amigo precisa de ajuda

Casos recentes de suicídio de estudantes do ensino médio em São Paulo trouxeram o assunto à tona com força na sociedade, que se pergunta, perplexa, afinal, o que leva um jovem aparentemente saudável a tirar a sua própria vida? A resposta não é simples, diz o psiquiatra Humberto Corrêa, presidente da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção de Suicídio.

Fenômeno multifatorial, pode afetar indivíduos de diferentes origens, classes sociais, idades, orientações sexuais e identidades de gênero, mas casos apresentam traços em comum, observa o médico. “Todos estão associados a algum transtorno mental, como depressão ou dependência de drogas e álcool.”

O especialista ressalta ainda que a pessoa com pensamentos suicidas apresenta sintomas que indicam essa intenção. “É importante estar atentos a sinais, como tristeza e isolamento.”

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As mortes na capital paulista, segundo ele, destacam um recorte novo do problema: jovens representam atualmente um grupo de risco. Apesar da maior incidência ser em idosos com mais de 70 anos, o suicídio é atualmente a quarta maior causa de morte entre pessoas com idades entre 15 e 29 anos, segundo dados  do Ministério da Saúde. “O suicídio está também relacionado aos laços sociais, que formam uma rede de proteção, que no caso dos jovens vêm sendo substituídos cada vez mais por laços virtuais, que não são reais”, afirma Corrêa. Para ele, é imprescindível ficar atento. “Os adolescentes vivem em um turbilhão de emoções”, alerta.

Uma das escolas que registrou casos de suicídio recentemente montou um grupo de apoio para atuar junto aos alunos e está promovendo palestras com especialistas para ajudar os pais a abordarem o assunto com os filhos e o processo do luto.

Para a jornalista Cleisla Garcia, o impulso recorrente dessa fase da vida só piora o cenário. “É um sentimento de onipotência e incapacidade de mensurar os riscos reais, para eles é como se fosse um game”.

Ela é autora do recém-lançado livro “Sobre Viver” (Editora Saraiva/Benvirá) que faz um mergulho nas histórias de adolescentes que tentaram, ou conseguiram, tirar a própria vida e nas formas de prevenção ao suicídio.

Cleisla também ouviu médicos, psicólogos e voluntários que lutam pela prevenção. “Nove em cada dez casos poderiam ter sido evitados se o paciente fosse visto, observado e conduzido ao tratamento adequado”.

Perigo à vista
Veja alguns comportamentos que podem indicar que há riscos de suicídio

Preocupação com a própria morte ou falta de esperança
As pessoas sob risco de suicídio costumam falar sobre morte e suicídio mais do que o comum, afirmam se sentir sem esperanças, com culpa, com falta de autoestima, expressam visão negativa de sua vida e futuro. Isso pode aparecer em conversas, mas também em textos, desenhos. Alguns indivíduos começam a formular um testamento ou fazer seguro de vida.

Isolamento
Quem tem pensamentos suicidas tende a se isolar. Não atende a telefonemas, interage menos nas redes sociais, fica em casa, em geral, fechado em seu quarto, com pouca ou nenhuma atividade social, evitando principalmente aquelas que costumava e gostava de fazer.

Expressão de ideias ou de intenções suicidas

Os comentários abaixo podem parecer óbvios, mas muitas vezes são ignorados.

“Vou desaparecer”

“Vou deixar vocês em paz”

“Eu queria poder dormir e nunca mais acordar”

“É inútil tentar fazer algo para mudar, eu só quero me matar”

Outros sinais que merecem atenção

Fique de olho se outros comportamentos aparecerem de forma exagerada, como perturbações de sono (excessivo ou insônia), dificuldade de concentração, irritabilidade, culpa, vergonha e cobranças por não ter atingido expectativas, oscilação do humor, ansiedade, raiva ou desapego repentino por objetos importantes.

5 fatos sobre o suicídio

  1. Em geral, são premeditados, e poder haver sinais da intenção.
  2. Reconhecer os sinais de alerta e oferecer apoio pode ajudar na prevenção.
  3. A expressão do desejo de tirar a própria vida nunca deve ser interpretada como simples ameaça ou chantagem emocional.
  4. Perguntar sobre a intenção de se matar não aumenta nas pessoas o desejo de cometer o suicídio.
  5. Nem todos os suicídios estão associados a outros casos na família.

Onde pedir ajuda?

Serviços de saúde

Caps e Unidades Básicas de Saúde (saúde da família, postos e centros de saúde)

CVV

(Centro de Valorização da Vida)

Telefone: 188. (Ligação gratuita dentro  do Rio Grande do Sul) ou www.cvv.org.br para chat, Skype, e-mail

Emergência:

SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Telefone: 192.

 

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