Esporte

Copa do Mundo mostra que posse de bola deixou de ser caminho para o sucesso

REUTERS/Maxim Shemetov

Quando a Espanha conquistou a Copa do Mundo de 2010 mantendo a posse de bola com um cuidado quase infinito, uma nova máxima se inscreveu no manual de sabedoria adquirida do futebol: mantenha a bola e você vencerá a partida.

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Tamanho foi o domínio do time elegante de Vicente del Bosque, cuja devoção aos passes e à movimentação também o ajudou a conquistar a Euro 2012, que poucas vozes se ergueram para discordar.

Outras formas de jogar que não envolvessem trocar passes à exaustão foram supostamente condenadas à lata de lixo da história do futebol. A posse de bola passou a ser louvada como o auge da evolução técnica e tática do esporte.

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Quem sentisse necessidade de mais provas era instruído a observar o Barcelona de Pep Guardiola, que manteve o domínio da liga espanhola e da Liga dos Campeões durante alguns anos a partir de 2009.

Mas se a Copa do Mundo da Rússia ensinou algo, foi que a posse de bola não é mais lei no futebol, e o que chegou a ser visto como a única rota para a glória mundial agora parece um atalho para sair do torneio.

Espanha, Alemanha e Argentina, as três seleções que mais seguraram a bola na Rússia, disseram adeus antes das quartas de final.

Os espanhóis passaram em média 69 por cento do tempo com a bola em seus quatro jogos, chegando a 75 por cento na partida de oitavas de final contra os anfitriões, de acordo com estatísticas da Fifa.

Mas isso não se traduziu em gols ou conquistas, já que o time teve que disputar pênaltis depois de lutar como um peso-pesado envelhecido, aparentemente confuso ao ver que seu golpe mais formidável se tornou pouco mais do que um ligeiro incômodo.

A Alemanha chegou como campeã mundial, mas partiu após a fase de grupos com uma média de 67 por cento de posse de bola em suas três partidas, o que lhe rendeu duas derrotas e somente uma vitória nos acréscimos contra a Suécia.

Os argentinos não se saíram muito melhor, sofrendo em suas três primeiras partidas e mal chegando à fase de mata-mata, na qual foram eliminados pela França, com uma média de 64 por cento de posse de bola.

Mas talvez seja cedo para decretar a morte dessa técnica — o Manchester City de Guardiola conquistou o título inglês sem dar aos seus oponentes muito mais do que um vislumbre da bola em muitos jogos.

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