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Como surgiram os cartões amarelo e vermelho no futebol

Conheça a origem do sistema de cores para indicar penalidades no jogo, que começou a ser usado nos anos 1970.

Uma confusão na Copa do Mundo de 1966 inspirou a criação dos cartões vermelho e amarelo para indicar penalidades no futebol.

Até então, os árbritos dependiam apenas do apito, de gritos e gestos para indicar faltas ou expulsões.

Isso causou tumulto em um jogo das quartas de final entre Argentina e Inglaterra no estádio de Wembley, em 1966.

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O jogo foi conturbado do início ao fim. Enquanto os jogadores ingleses celebravam a vitória, os argentinos cercavam o árbitro alemão Rudolf Kreitlein – que acabou tendo a camisa rasgada e precisou de escolta dos seguranças e da polícia para sair do campo.

O que deixou os argentinos em polvorosa foi a expulsão do capitão do time, Antonio Rattin. O jogador havia contestado a marcação de uma falta dirigindo-se ao juiz, que não falava espanhol e expulsou o argentino usando o indicador. No meio da confusão, Kreitlein precisou de ajuda do responsável pelos juízes no torneio, o inglês Ken Aston, para convencer Rattin a deixar o campo.

Depois da partida, os jornais anunciaram que o árbitro tinha também marcado falta de dois jogadores ingleses – os irmãos Bobby Charlton e Jack Charlton. Mas essas decisões também não tinham ficado claras durante a partida, e o técnico do time inglês procurou a FIFA para obter esclarecimentos.

O episódio deixou o responsável pelos juízes no torneio, o inglês Ken Aston (1915-2001), pensando em como evitar esse tipo de problema de comunicação no futuro, segundo a FIFA (Federação Internacional de Futebol).

Inspiração no trânsito

Aston teve a ideia dos cartões quando estava dirigindo e o semáfaro ficou vermelho. «Eu pensei: ‘amarelo’, pega leve; ‘vermelho’, pare, você está fora», contou Aston à FIFA;

O inglês percebeu que a ideia de usar cores para sinalização era ótima por não ser dependente de idioma – o uso do mesmo esquema de cores do trânsito tornava a indicação compreensível para falantes das diversas línguas dos países que participam do mundial.

Os cartões vermelho (para indicar uma expulsão) e amarelo (para indicar uma falta grave) foram introduzidos pela primeira vez na Copa do México de 1970. A experiência foi considerada muito bem sucedida pela FIFA e adotada permanentemente.

Desde que começaram a ser usados no futebol, os cartões coloridos foram absorvidos por diversos esportes, como vôlei, handebol e rugby, com cada modalidade adaptando a ideia para suas regras.

Hoje, é praticamente impossível pensar em futebol sem o uso dos cartões, que se tornaram até uma expressão línguistíca usada fora do jogo – dar «cartão vermelho» para alguém virou sinônimo de apontar uma falta gravíssima na atitude alheia, em linguagem coloquial.

O pai da ideia

Nascido em 1915 na Inglaterra, Kenneth George Aston se tornou árbitro com apenas 21 anos, em 1936, segundo a FIFA.

Um ano antes, dando aulas no ensino fundamental, Aston tinha sido indicado como juiz das partidas entres os alunos – o futebol era uma parte importante do currículo escolar no Reino Unido. O jovem pegou gosto pela coisa e logo depois decidiu seguir como árbitro.

Sua carreira foi interrompida pela Segunda Guerra Mundial, quando Aston serviu como tenente coronel em operações inglesas na Ásia. Com o fim do conflito, voltou a arbitrar e, de acordo com seu obituário no jornal inglês The Times, tornou-se um dos juízes mais respeitados nos anos 1960.

Foi o árbitro do jogo de abertura da Copa do Mundo de 1962, no Chile, e apitou também o famoso jogo entre o Chile e a Itália que ficou conhecido como «Batalha de Santiago» – uma das partidas mais violentas da história da Copa. A violência começou nos seis primeiros minutos e só aumentou.

Aston expulsou dois jogadores italianos e precisou da ajuda da polícia em três ocasiões para restaurar a ordem no campo. A pior das brigas, entre o chileno Leonel Sanchez e o italiano Paride Tumburus, foi apartada pelo próprio árbitro.

Um ano depois, Aston se aposentou do trabalho no campo, mas entrou para o Comitê de Arbitragem da FIFA, que presidiu de 1970 a 1972. Aston morreu em 2001, aos 86 anos.

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