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‘Nada é maior que treinar a Seleção’, diz Tite em entrevista ao Metro Jornal

Tite vê Alemanha, Espanha e França como os principais concorrentes do Brasil na briga pelo título da Copa do Mundo da Rússia. Em entrevista ao Metro Jornal, em Porto Alegre, o treinador revelou a realização em estar à frente da Seleção e disse que o futebol que a sua equipe apresenta lhe deixa feliz. 

Quais são seus próximos compromissos?

O primeiro é o jogo Grêmio e Independiente, pela Recopa. Pela grandeza, pelo momento do Grêmio, por seus atletas que já foram convocados. Até porque só vai ser em fevereiro, e em março que começam os grandes jogos da Liga dos Campeões.

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Qual o tamanho da responsabilidade de ser técnico da Seleção?

Não é fácil dormir. Mas eu uso alguns artifícios. O artifício de ficar perto da minha família me deixa em paz. E o artifício de ficar mergulhado no meu trabalho, para eu ser justo nas minhas convocações. Isso me aflige, o fato de ser justo. Eu quero acompanhar tudo, para quando eu tiver a decisão final, ter certeza que trabalhei todo o possível. E que se ela [Copa] fugiu de alguma forma é porque eu não sou perfeito, mas trabalhei para isso. Então, isso vai me deixar com paz. Essa é a coisa que mais me tira o sono.

Por que você valoriza mais desempenho que vitórias?

O ganhar é muito raso. Ganhar todo mundo tem que ganhar. Mas antes a gente tem que ser competente.

O que pensa ao ver grandes seleções fora da Copa?

A gente viu o quanto são difíceis as fases classificatórias. Vamos pegar as Eliminatórias Sul-Americanas, os últimos dois anos – tira esses últimos seis meses até quando se definiu a classificação. Chile, bicampeão da Copa América, está fora da Copa. E era o melhor futebol apresentado. A Itália fora é surpreendente. Eu encontrei o técnico da Suécia e o parabenizei. Ele eliminou a Itália! A Holanda foi terceira colocada na última Copa: fora. Estados Unidos investiu e ficou fora para Costa Rica e Panamá. Para ver o quanto é difícil a fase de classificação.

Quem são os favoritos?

Brasil, Alemanha, Espanha e França. Sem escala de importância. Argentina, potencialmente, para crescer e Bélgica para ser a surpresa.

Mesmo dominando o jogo o Brasil não venceu a Inglaterra. Preocupou?

O último terço do campo a gente vai ter que encontrar soluções ofensivas e, ao mesmo tempo, o que eu entendi é que mentalmente nós fomos muito fortes. Em nenhum momento nos expusemos à Inglaterra. E a Inglaterra jogou na sua casa, com todo o seu público, e ela conseguiu chutar uma vez a gol. O técnico deu uma entrevista coletiva para toda a imprensa e disse: “Poxa, a gente não conseguiu jogar. Conseguimos jogar contra a Alemanha, mas não conseguimos jogar contra o Brasil”. Então, serviu de parâmetro para ele e também para nós, que, quando enfrentarmos uma linha de cinco defensiva, vamos ter que encontrar algumas formas, e, nesse aspecto, foi bom.

O que pode dizer a respeito do Firmino?

O Firmino joga muito. Ele é extremamente inteligente para jogar. Tem uma capacidade de finalização impressionante. Jogador extremamente competitivo. Joga numa grande liga, na qual o nível de exigência é muito alto.

Coutinho acertou ao ir para o Barcelona agora?

Para todos os atletas eu passo um ponto de vista: vão para um local onde vocês se sentem felizes. Vocês e a família de vocês. Se tu fores para um local onde tu estás infeliz, tu tens que acordar de manhã e pensar ‘aqui não é o local, tu não vais produzir’. Vai para um local onde produzas bem e se sintas feliz. Estar nesse local é o primeiro requisito. O que tem é uma adaptação agora. Onde ele vai jogar? Por dentro, ou por fora? Para mim, ele vai jogar no lado esquerdo onde o Neymar estava jogando, com características diferentes. Coutinho não é Neymar. Coutinho é articulador, Neymar é atacante.

O que sentiu quando falavam que o Paulinho, por exemplo, era seu ‘protegido’?

Quando a pessoa fala que convoco porque o cara é meu protegido, meu ‘bruxo’, meu ‘parça’, primeiro considero um desrespeito a todo o meu trabalho, a toda a minha conduta profissional. Eu não aceito, o cara está sendo leviano. Ele pode fazer uma crítica dizendo que o Paulinho não merece e que estou fazendo errado a minha escolha. Mas quando ele coloca isso, ele fala de troca de favores… Eu não troco favor. Eu sou um profissional,  me habilitei muito, trabalhei muito para chegar onde estou. Então, eu não troco favor. Não faço porque é ‘parça’, porque é meu homem de confiança. Homem de confiança é o meu irmão. Esse é o meu homem de confiança. As pessoas têm que saber diferenciar. O que eu vi no Paulinho é que dentro da Seleção ele fez em 2013 uma grande Copa das Confederações, ele é campeão mundial. Então ele se credenciou.

Te traz alegria ver a Seleção jogar?

Sim! Eu me sinto representado pelo futebol da Seleção. Eu fico feliz. Sim, sim, sim! É a primeira pergunta que eu vou direto dizer “sim”, me sinto feliz. Se ela vai ganhar eu não sei, mas me sinto representado pelo futebol que ela apresenta, sim.

Qual a diferença entre Seleção e clube?

No clube, o cara torce incondicionalmente. Se tu estás em último na tabela, ele torce, se tu estás jogando bem, ele torce igual, se tu estás jogando mal, ele torce igual. Na Seleção, não. Se não jogar bem, se não convencer, não tem torcida. Tem esse cunho maior, de exigência maior.

Quanto o Tite quer a taça?

Eu vou te dizer qual é o meu foco de atenção. Quando o foco é resultado, ele te oprime. Ele te engessa. Porque eu não tenho condições de controlar resultado. Não tenho. É muito ilusório isso é muito raso. Mas eu tenho condições de controlar desempenho individual, preparação, força mental, aspecto físico, aspecto clínico.

Há um próximo passo na tua carreira?

Nada é maior do que ser técnico da Seleção do teu país. Tudo que vem depois vai ser menos. Clube europeu vai ser menos. Seleção de um outro país… O ápice da carreira do Tite é ser técnico do seu país. 

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