Esporte

Demissão de Emily Lima muda rumo de filme sobre treinadora à frente da Seleção feminina

Na foto, os diretores Edson Lima e Cristiano Fukuyama e a ex-jogadora Priscila Martins (Foto: Luana Reis/Portal da Band)

Enquanto o ‘Eu jogadora: um autorretrato do futebol feminino’ era filmado, entre julho e agosto deste ano, a primeira treinadora mulher à frente da Seleção feminina de futebol era personagem principal e símbolo do que a modalidade queria ser. No entanto, enquanto o diretor Edson Lima ainda rodava o curta, Emily foi demitida. Com isso, o sopro de esperança que o futebol feminino respirava mudou de direção, junto ao roteiro final da produção.

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“Quando gravamos, inicialmente, a Emily ainda era treinadora. Mas, depois do resultado (da Seleção Brasileira) diante da Austrália ela foi demitida e tivemos que refazer as falas, reorientar o discurso”, pontua. Para ele, a gestão de Emily representava “um reascender de esperança para o futebol feminino moderno”.

Emily, 37, comandou o time por 10 meses, e representava esperança para a modalidade. Mas, após uma sequência de seis jogos sem vencer, a técnica foi demitida e substituída pelo veterano Vadão.

Sua saída gerou manifestações nos bastidores e atletas renomadas como Cristiane, Fran e Maurine resolveram abrir mão da ‘amarelinha’.

A reviravolta pautou o debate na sociedade e acabou chegando às telas de cinema com o filme. Segundo Lima, 48, a demissão dela mudou os rumos e o tom da narrativa. Assim, com a derrota para a Austrália, por 6 a 1, em um torneio amistoso, e a dispensa, todo o roteiro teve de recuar alguns passos e assumir uma forma mais “fria”.

Autoretrato das gerações

Emily Lima foi a primeira mulher a comandar a Seleção feminina de futebol

Das cinco personagens, Emily é a mais forte na representação do estado do futebol feminino brasileiro. Mas, além dela o filme conta duas veteranas da modalidade que tiveram de conquistar moral para poder praticar o esporte.

A atacante Roseli Belo e a centroavante Nilda Ismael – ex-atletas olímpicas – reforçam o retrato do que as boleiras sempre reivindicaram: respeito, liberdade e autonomia para atuar no campo – com calendários regulamentados e, consequentemente, patrocínio para desenvolver competições, além do reconhecimento da sociedade.

Com uma diferença média de 21 anos entre as gerações das pioneiras, em outro ‘lance de ideias’, estão as duas revelações Camila Mehler e Brenda Isadora – também personagens do filme.

Aos 24 anos, a primeira atua como lateral e volante e já passou pelo Cotia, Palmeiras, São Paulo, São Roque, São Caetano, Portuguesa e, por fim, pelo Grêmio Audax.

Brenda, aos 16, é volante e já defendeu o São Caetano, a Lusa e atualmente compõe a categoria sub-17 do União Suzano.

Por meio do discurso da dupla a cultura machista e o apoio familiar são postos em debate.

Um autorretrato reconhecido

O filme foi exibido no Museu do Futebol, no domingo (3), na oitava edição do Festival de Cinema de Futebol (Cinefoot). Na terça (5), a produção foi premiada como segundo melhor curta-metragem da edição e já está disponível online (clique aqui).

O filme foi produzido pelo idealizador da Vitrine do Futebol Feminino, Edson Lima, em parceria com o produtor multimídia Cristiano Fukuyama e o jornalista Luiz Nascimento, responsáveis pelo Acervo da Bola.

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