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Exclusivo: Tite abre o jogo sobre adversários e preparação para a Copa 2018

Você gostou do grupo do Brasil na Copa?
Somos os favoritos, mas todos os outros times do nosso grupo têm qualidades. Nosso primeiro adversário, a Suíça é um dos times mais bem colocados no ranking da Fifa. Tem um time bem armado, com ótimos jogadores. Liechsteiner, que joga na Juventus de Turim, é top. Xhaka é meio-campista do Arsenal – e tem muita qualidade. Shaqiri, idem. É um time experiente. Em 2014, ninguém esperava que Costa Rica se classificasse. E ela ganhou do Uruguai, eliminou Itália e Inglaterra e só caiu nos pênaltis, contra a Holanda. É um adversário de respeito. A Sérvia tem qualidade técnica, jogo apoiado, combinar competitividade com criatividade. O nosso grupo não será fácil.

E qual a sua estratégia para o Brasil sair-se bem na Rússia?
Nosso time terá de vencer seus jogos sendo o melhor, o mais competente. Se um time nos atacar, teremos de saber, como contra-atacar. Esse é o detalhe que teremos de melhorar. Nossa obrigação é evoluir. Temos de crescer na qualidade técnica, mental física. Estas são as únicas variáveis que eu posso controlar. Ganhar é outra história, já que do outro lado há equipes bem preparadas. Nossa preparação para enfrentar Suíça, Costa Rica e Sérvia será a mesma se tivéssemos no grupo a Espanha, Inglaterra ou outra equipe. Ninguém mais ganha jogos só com a camisa ou tradição. Há três Copas do Mundo a Itália era a campeã mundial. E está fora da Copa de 2018. A Holanda, terceira colocada, em 2014, também não estará na Rússia, no ano que vem. Idem para o Chile, time de melhor retrospecto na América do Sul, nos últimos quatro anos. Até o MUndial, teremos de consolidar a nossa equipe – e crescer.

Quais os próximos passos da preparação?
Em março do ano que vem, teremos dois amistosos, contra a Alemanha e a Russia, na Europa. Depois, entraremos na fase final da preparação. No final de maio, eu, a comissão técnica e os jogadores se apresentarão na Granja Comary, em Teresópolis, e haverá um amistoso no Maracanã. Em seguida viajaremos para a Inglaterra, para a primeira parte da aclimatação na Europa, no centro de treinamento do Tottenham, em Londres. Só depois, vamos para Sochi, que será a nossa base durante a Copa.

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O fato de a seleção não jogar em Sochi, em nenhuma fase da Copa da Rússia o incomodou?
Sem meias palavras: não era o ideal ficar em Sochi sem jogar nenhuma vez lá. Mas, nem eu ou ninguém tínhamos o controle para determinar a posição do Brasil no sorteio. Minha prioridade era que tivéssemos um bom campo de treinamento, boa logística, bom ambiente para descanso dos atletas. E teremos tudo isso em Sochi.

Quando a lista de jogadores inscritos para a Copa da Rússia estará fechada?
Os amistosos de março do ano que vem (contra Alemanha e Rússia) serão a penúltima fase, antes da definição do grupo que jogará a Copa do Mundo. Só quando fizermos as partidas contra adversários com características de jogo semelhantes às seleções que enfrentaremos na primeira fase da Copa é que o grupo estará definido.

Podem aparecer surpresas de convocados para a Copa?
Até a lista final quem tiver passaporte brasileiro e estiver jogando bem poderá ser chamado. Artur (do Grêmio) está impressionando. Hernanes (do São Paulo está me impressionando). Malcom (ex-Corinthians, atualmente no Bordeaux) está impressionando. E há outros nomes, nesta situação. Eu pressiono os jogadores por desempenho e eles me pressionam pela convocação por estarem jogando bem.

Quando você assumiu o comando da seleção, o Brasil ainda estava atordoado pelos 7 x 1 sofridos contra a Alemanha e era o sexto nas Eliminatórias, portanto fora da Copa. Como foi fazer o resgate do futebol brasileiro?
Comecei pelo resgate da confiança. Senti nos atletas uma preocupação pela posição do Brasil na tabela, fora da classificação. Isso gera uma inquietude, pressiona demais. Certa vez encontrei o Sebastião Lazzaroni (técnico do Brasil na Copa de 1990, na Itália) e ele me disse que se não classificasse a seleção, teria de se esconder nos confins do Brasil. Se nós fracassássemos, eu teria de ir para os confins do Cazaquistão.

E como mudar o baixo astral?
Primeiro, simplifiquei. Defini um sistema tático baseado nas posições e funções que os atletas estavam habituados a fazer nos clubes. E o jogo apoiado, com posse de bola e triangulações, espaços mais curtos. Esse modo de jogar faz parte do meu DNA.

O Brasil depende muito do Neymar?
A equipe gosta e não pode abrir mão de contar um dos três jogadores que são top no mundo. Mas, para o Neymar fazer o que se espera dele, a equipe toda tem de estar forte. E eu também tenho de estar forte. É desumano colocar nas costas do Neymar a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso da equipe. E eu não vou fazer isso.

Em 2002, na última Copa em que foi campeã mundial, a seleção brasileira tinha três foras-de-série, que poderiam desequilibrar uma partida, a qualquer momento. Além do Neymar, teremos fora-de-série em 2018?
Philipe Coutinho, Gabriel Jesus, William, Marcelo, e por aí vai … Tem o Daniel Alves, que, além de jogar muito, tem um espírito de liderança incrível. Tem três zagueiros espetaculares. Fernandinho e Casemiro jogando muito.Eu fico impressionado com o nível técnico de alguns atletas do nosso time. Não sei até onde nossa equipe poderá chegar. Mas, vou desafiar e incentivar para que esta equipe cresça. Até onde? Não sei. Eu tenho 16 jogos na seleção brasileira. Se eu colocar no papel, tenho dezesseis jogos como técnico do Brasil. Isso não dá três meses em um clube. Na essência, o Brasil precisa se consolidar e crescer. Temos de olhar para nos mesmos, ver que variações táticas a nossa equipe pode ter e fazer as adaptações de acordo com os adversários.

Nas últimas 24 horas, quantas vezes você já fez as projeções e cenários para o Brasil na Copa de 2018?
Muitas (risos). Em um dos meus sonhos, cheguei a cruzar com o árbitro e disse a ele: começa logo com isso.

O que dizem os adverários:

“Ter a chance de jogar contra o Brasil em uma Copa é magnífico. Para enfrentar um time favorito para ganhar a Copa, para começar, temos que crer na nossa força e trabalhar, estarmos bem concentrados e esperar a oportunidade no momento certo.” Vladimir Petkovic, Técnico da Suíça

“O Brasil é o grande favorito do nosso grupo e, pelo menos no papel, brigaremos pelo segundo lugar. Mas, nosso time é técnico, sabe jogar futebol e temos boa atmosfera. Quando se trata de Copas do Mundo, nenhum jogo se ganha de véspera”, diz Mladen Krstajic, Técnico da Sérvia

“Como em 1990, quando eu era jogador, temos o Brasil e duas seleções europeias no nosso grupo. Os brasileiros são favoritos e Suíça e Sérvia são fortes. Mas, como provamos contra Inglaterra, Uruguai e Itália, em 2014, os costarriquenhos gostam de desafios duros”, Óscar Ramirez, Técnico da Costa Rica.

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