Esporte

Portuguesa sofreu na mão de más administrações e hoje amarga uma crise sem precedentes

O dia 16 de dezembro de 2013 entrou para a história da Portuguesa. Não por algum motivo feliz, mas pela decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva em rebaixar o time para a Série B do Campeonato Brasileiro. E o que aconteceu depois só piorou a situação de um dos clubes mais queridos do Brasil.

Naquele ano a Lusa fez campanha regular e terminou o Brasileirão em 12º, mas o Fluminense entrou com recurso após identificar que o jogador Héverton havia sido escalado de forma irregular na última partida da Portuguesa na competição, contra o Grêmio. Assim, os cariocas se salvaram de mais um vexame e colocaram o time paulista na entrada do poço. O fundo viria em seguida.

“Os culpados são da diretoria daquela época, comandada pelo senhor Manoel da Lupa [presidente na época]. Eles prejudicaram uma comunidade inteira, que dedicava amor ao time”, lembra o maestro João Carlos Martins, torcedor símbolo do clube.

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Alguns torcedores lusitanos garantem que a diretoria da época estaria envolvida na escalação irregular do atleta. Não existe prova de nada. O fato é que a Portuguesa entrou em queda livre. Em 2014 ficou em último na Série B e caiu para a C. Em 2016, novo sofrimento: queda para a Série D.

Por fim, em 27 de junho deste ano, a Lusa não conseguiu passar da primeira fase da quarta divisão nacional e, como está na segunda divisão do Campeonato Paulista – caiu em 2015 –, poderá ficar sem divisão em 2018. A única salvação é vencer a Copa Paulista, que está sendo disputada, e que o campeão escolhe se quer disputar a Copa do Brasil ou Campeonato Brasileiro da Série D.  

Jogava por música

A primeira queda da Portuguesa aconteceu no Campeonato Brasileiro de 2002. Mal era possível acreditar que, seis anos antes, o time rubro-verde encantava o Brasil, chegando à final do torneio nacional, em disputa contra o Grêmio, que foi perdida após duas  batalhas memoráveis, uma no Morumbi, com vitória por 2 a 0 e arquibancadas lotadas de palmeirenses, são-paulinos, corintianos e outros torcedores que se uniram aos lusitanos. No jogo de volta os gaúchos venceram pelo mesmo placar e ficaram com a taça, já que tinham vantagem do empate.

Cinco anos antes, outro momento brilhante da Portuguesa, quando todos se encantavam com o bailar em campo de Dener, o promissor atacante que fazia estripulias pelos gramados. O jogador morreu aos 23 anos, em 1993, em acidente de carro no Rio de Janeiro, quando atuava emprestado ao Vasco da Gama. “Dener foi um dos três maiores jogadores que já vi usando a camisa da Portuguesa”, lembra João Carlos. Os outros dois são Ivair, o Príncipe, que jogou de 1963 a 1969, e Enéas (1954-1988), que começou no infantil da Lusa e atuou como profissional no clube de 1972 a 1980.

Recuperação

A Portuguesa completou 97 anos no último dia 14 e sonha com um futuro longínquo e brilhante. Pelo menos essa é a expectativa dos torcedores e também do presidente Alexandre Barros, radialista que assumiu o comando do clube no final do ano passado.

A expectativa agora cai sobre o novo treinador, Paulo César Gusmão, experiente técnico contratado na última segunda, que tenta salvar o time na Copa Paulista, a última chance do clube em seguir em alguma divisão brasileira em 2018. Para isso, precisa ser campeã do torneio, mas até o momento é a terceira em sua chave, faltando cinco rodadas para o fim da fase de grupos, onde quatro se classificam para a segunda fase.

Fita Azul

O sonho de João Carlos Martins é ver a Portuguesa grande novamente, como o primeiro esquadrão lusitano que vem à sua mente, o chamado Fita Azul, de 1951. Foi naquele ano que a Portuguesa teve algumas de suas maiores marcas da história e, uma delas, foi vencer o Corinthians por 7 a 3 em pleno Pacaembu. “Jamais esqueço aquele dia de chuva. Lembro a escalação de cór: “Muca; Nena e Noronha; Djalma Santos, Brandãozinho e Ceci; Julinho Botelho, Renato, Nininho; Pinga e Simão”, recita o maestro. O técnico era, “apenas”, Oswaldo Brandão, um dos maiores nomes do posto no Brasil.

Era muito comum naquela época os times brasileiros excursionarem pelo mundo para ganhar dinheiro, experiência e fama, tão comum que o jornal “A Gazeta Esportiva” oferecia um troféu chamado “Fita Azul” para os times que conseguissem ficar invictos em dez partidas disputadas em solo estrangeiro. A Portuguesa foi em busca dessa honraria em abril de 1951, numa viagem por terras turcas, espanholas e suecas. No ano seguinte ainda se sagrou campeã do Torneio Rio-São Paulo, respeitada disputa na época.

“Eu topava parar tudo da minha vida por um tempo para ver a Portuguesa grande novamente. Eu me dedicaria ao clube, sem assinar cheque nem nada, para juntar a colônia em torno de uma causa. A esperança é a última que morre”, diz o maestro.

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