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Blatter diz que Palmeiras foi o campeão mundial de 1951

Ex-presidente do Palmeiras, Affonso della Monica ergue taça da Copa Rio conquistada pela equipe em 1951 | Fernando Santos/Folhapress
Ex-presidente do Palmeiras, Affonso della Monica ergue taça da Copa Rio conquistada pela equipe em 1951 | Fernando Santos/Folhapress

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O presidente da Fifa, Joseph Blatter, disse em entrevista ao jornal “Estado de São Paulo” que o Palmeiras é o campeão mundial de 1951. Em reconhecimento pelo título da Copa Rio daquele ano, o clube receberá um certificado, o que não significa que a competição, disputada no Rio de Janeiro e em São Paulo, será considerada como oficial da entidade. Além disso, a conquista do Verdão não será equiparada aos mundiais da Fifa, de 2000 e a partir de 2005.

“O Palmeiras, naquela época, foi o campeão do mundo de clubes. Vamos dar um certificado para todos os campeões. Agora, temos um campeão a cada ano”, afirmou Blatter.

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A notícia pode encerrar uma luta de quase 10 anos do clube para ter a conquista reconhecida com um título mundial. Desde 2006, dirigentes do Palmeiras tentaram de várias formas convencer a Fifa da ideia, o que pode acontecer, enfim, no ano do centenário alviverde. Em 2007, o Verdão recebeu um fax da entidade, que reconhecia o título. A Fifa, porém, voltou atrás pouco depois e adiou a decisão final. Os torcedores e dirigentes, porém, sempre se consideraram campeões mundiais.

Segundo o “Estado”, as declarações de Blatter irritaram a equipe de comunicação da Fifa que acompanhava o cartola. A assessoria da entidade afirmou que um comunicado sobre o assunto seria divulgado.

A Copa Rio, organizada pela então Confederação Brasileira de Desportos, com a chancela da Fifa, teve apenas duas edições. Oito equipes disputaram cada uma, divididas em dois grupos de quatro times. Uma chave era sediada no Rio de Janeiro, a outra, em São Paulo. Os dois primeiros avançavam para a semifinal, de onde saíam os finalistas – as duas últimas fases eram disputadas em jogos de ida e volta.

Na primeira, em 1951, o Palmeiras venceu a Juventus na decisão. Em 1952, o Fluminense, outro clube que se considera campeão mundial daquele ano, foi campeão após derrotar o Corinthians na final.

O reconhecimento do título palmeirense pela Fifa deve animar o Tricolor do Rio a buscar a mesma chancela. O Vasco, vencedor do Torneio Octogonal Rivadavia Corrêa Meyer, em 1953, competição análoga à Copa Rio, também tenta o reconhecimento da Fifa como campeão mundial.

Ouça o gol do título

Por Mundial, Fifa deve enviar dirigente ao Verdão

O diretor de história do Palmeiras, José Roberto Cristianini, comemorou o reconhecimento pelo presidente da Fifa, Joseph Blatter, da conquista da Copa Rio de 1951 como um título mundial. Mas afirmou que, para os palmeirenses, o clube já era campeão do mundo, mesmo sem a chancela da entidade. “Nos já sabíamos que éramos campeões do mundo há 63 anos”, declarou o dirigente à Rádio Bandeirantes.

Segundo Cristianini, o Palmeiras vai se pronunciar oficialmente sobre a posição da Fifa no próximo dia 21. É possível que a entidade máxima do futebol envie um representante para a cerimônia. “O comitê executivo da Fifa decidiu antes da Copa pelo reconhecimento. Estamos aguardando o detalhamento, vamos ver todos os termos da decisão da Fifa”, declarou Cristianini.

O diretor ressalta o trabalho do clube, desde 2006, pelo reconhecimento pela Fifa do título, e valoriza a decisão da entidade, que em 2007 comunicou o clube de que a conquista havia sido homologada. “Não foi um fax, foi um ofício, nunca desmentido”, garante.

Para o dirigente, a declaração de Blatter não soa como novidade. Ele lembra que a Fifa, na ocasião, chancelou a Copa Rio e participou da organização, feita pela então Confederação Brasileira de Desportos (CBD).

“De todos os mundiais de clube feitos posteriormente, aquele foi o amis difícil, com oito equipes campeãs em seus países. A Fifa mandou a taça, escolheu os árbitros, vistoriou os estádios e o secretário da Fifa entregou a taça ao Jair Rosa Pinto”, ressalta. “Não falta mais nada”, completou.

Segundo Cristianini, a Copa Rio foi considerada na época um torneio com peso de mundial. E os jogadores foram tratados como heróis. “A viagem de trem do Rio (a final foi no Maracanã) para São Paulo, que levaria 10 horas, levou quase um dia inteiro. O jogo foi no domingo, e eles só chegaram na terça, porque tinham que parar em cada estação para serem recebidos pelos prefeitos, população e banda de música”, relembra.

Time campeão Mundial de 1951 (da esq. para a dir.): Salvador, Dema, Túlio, Juvenal, Fabio Crippa e Luiz Villa. Agachados: Liminha, Ponce de León, Richard, Jair Rosa Pinto e Rodrigues - Divulgação/Palmeiras
Time campeão Mundial de 1951 (da esq. para a dir.): Salvador, Dema, Túlio, Juvenal, Fabio Crippa e Luiz Villa. Agachados: Liminha, Ponce de León, Richard, Jair Rosa Pinto e Rodrigues – Divulgação/Palmeiras

Confira as fichas dos dois jogos da decisão:

18/07 – Palmeiras 1×0 Juventus
Estádio do Maracanã
Público: 56.961 (43.001 pagantes)
Árbitro: Franz Grill (AUS). Assistentes: Edward Greigh (ING) e Gaby Tordjman (FRA)
Gol: Rodrigues

Palmeiras
Fábio, Salvador, Juvenal, Túlio, Luiz Villa, Dema, Lima, Ponce de Leon, Liminha, Jair Rosa Pinto, Rodrigues. Técnico: Ventura Cambon

Juventus
G.Viola, A.Bertucelli, S.Manente, Mari, R.Ferrario, A.Piccinini (R.Bizzoto), E.Muccinelli, Karl Hansen, Bonipertti, John Hansen, K.H.Praest. Técnico: Jesse Carver

22/07 – Palmeiras 2×2 Juventus
Estádio do Maracanã
Público: 100.093 (82.892 pagantes)
Árbitro: Gaby Tordjman (França). Assistentes: Greig (ING) e Papovic (IUG)
Gols: Liminha e Rodrigues (PAL) e Praest e Bonipertti (JUV)

Palmeiras
Fábio Crippa; Salvador, Juvenal, Túlio, Luiz Villa, Dema, Lima, Ponce de León (Canhotinho), Liminha, Jair Rosa Pinto e Rodrigues. Técnico. Ventura Cambon

Juventus
Viola, Bertucelli, Manente, Mari Jacomo, Parola, Bizzoto, Muccinelli, Karl Hansen, Bonipertti, John Hansen e Praest. Técnico: Jesse Carver

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