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‘Sei que tenho uma parte no trabalho’, diz Morten Soubak

Treinador da Seleção feminina de handebol fala sobre a conquista inédita  do Mundial e analisa o futuro da modalidade no Brasil após o título | Cinara Piccolo | Photo&Grafia
Treinador da Seleção feminina de handebol fala sobre a conquista inédita
do Mundial e analisa o futuro da modalidade no Brasil após o título | Cinara Piccolo | Photo&Grafia

Desde que chegou à Seleção feminina de handebol, em março de 2009, o dinamarquês Morten Soubak comandou uma revolução.
Do 15º lugar no Mundial da China naquele ano, a equipe cresceu. Dois anos depois, no Brasil, obteve a 5ª colocação no torneio. Em 2012, nos Jogos Olímpicos de Londres, foi o 6º melhor. E, no último domingo, veio a consagração: o ouro no Mundial da Sérvia, com vitória incontestável por 22 a 20 sobre as donas da casa.
Casado com uma brasileira e fã de futebol (é torcedor do São Paulo), Soubak, 49, tem alma verde e amarela. Por telefone, o “dinamarquês baiano”, como ele se define, falou com o Metro Jornal:

Dá para dimensionar o que título representa para o handebol brasileiro?
A gente conseguiu demarcar algo muito importante, que é mostrar que um país das Américas também tem condições de chegar longe. Isso é marcante. É claro que eu espero que isso motive mais pessoas a jogar handebol.
Qual é a sua parcela na conquista?
Acredito que eu tenha uma mão dentro desse trabalho. Eu sei disso. Estou muito orgulhoso, muito feliz. Mas, antes, o parabéns tem de ser para as meninas e para todos que estão trabalhando e que já fizeram parte dessa equipe.

O título era o que faltava para o handebol perder o rótulo de esporte de escola?
Pode ajudar. Mas precisa desenvolver mais, que mais lugares invistam para que as pessoas continuem a jogar depois da escola. Esse é o grande desafio para quem trabalha com handebol.

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De 2009 para cá o que mudou além dos resultados?
Em 2009, por muitos motivos, tínhamos de chamar 48 atletas, um absurdo. Teve jogadoras que não quiseram defender a Seleção, que não foram liberadas pelos clubes. Em 2010, começamos a definir o grupo para 2011 e 2012 e a moldar o estilo. E as meninas foram crescendo nos clubes delas na Europa. O convênio com o Hypo [time da Áustria conveniado à Confederação Brasileira de Handebol, treinado de maio até o fim de 2013 por Soubak, onde seis atletas do Brasil atuam] também ajudou.

Os rivais vão olhar diferente para o Brasil agora?
Pode ser, mas garanto que não vamos ficar melhores nem piores por causa disso. Vamos continuar fazendo o nosso trabalho, como aconteceu até agora.

É possível medalha nos Jogos de 2016, no Rio?
É um sonho gigantesco. Seria o maior prazer, uma medalha e ainda mais em casa.

Qual a avaliação você faz do handebol dentro do Brasil?
Só posso falar pelo feminino, mas eu vejo que está longe. É só dar uma olhada em quem representa a Seleção adulta. A maioria joga na Europa [das 16 atletas que disputaram o Mundial da Sérvia, apenas três jogam no Brasil.]. Espero que o título possa ajudar o handebol a crescer no país, com mais campeonatos, mais equipes de alto nível.

Hoje se sente mais brasileiro ou mais dinamarquês?
Não sei mais (risos), mas sou bastante brasileiro. Não há dúvida nenhuma que nasci no lugar errado. O sangue brasileiro entrou para ficar.

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