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A obra-prima de Rui Costa

leonardo-meneghettiNão tenho convicção de que o Grêmio tem time para ser campeão brasileiro. Mas também não o vejo assim tão fora da disputa, especialmente depois do Gre-Nal, quando Renato encontrou o melhor esquema tático. Que não se discuta mais o 3-5-2! O fato que chama a atenção são os “achados” da direção gremista no co-irmão Juventude. Leia-se aqui achados do executivo Rui Costa. Jogadores baratos, com qualidade, que o executivo “cavocou” e que já têm interessante valor de mercado.

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O contestado pacote do Juventude é uma obraprima do executivo de futebol gremista. Alex Telles foi o primeiro a ser anunciado, quase que de forma secreta, em dezembro, como primeiro reforço para 2013. Ninguém saudou a contratação. Aliás, enquanto se aguardava o nome do cofre, expressão utilizada pelo eleito presidente Koff, chegava um lateral de Caxias. Trata-se de um jogador da convicção de Rui.

Depois, de forma surpreendente, o Grêmio fechou, sob o olhar da desconfiança, mais cinco jogadores do Juventude. Começou com o pacotão que incluiu Bressan, Follmann, Paulinho e Ramiro, todos na casa dos 20 anos. Posteriormente chegou o lateral Moisés, este com 23 anos. Vieram de um clube da Quarta Divisão do futebol brasileiro. Na mosca. Pelo menos em mais dois nomes.

Um dirigente que contrata seis jogadores de um time da Série D e acerta em pelo menos três nomes merece respeito. E observe, prezado leitor, Rui é um dirigente que ainda busca experiência. Somados seus meses no futebol nesta passagem e na anterior pelo departamento de futebol tricolor acaba de ultrapassar um ano. Pouco tempo numa profissão tão exigente, pressionada e conturbada.

Bressan é um zagueiro eficiente. A sequência de jogos e o natural amadurecimento que a posição exige farão seu futebol crescer. Com bons companheiros ao lado poderá atalhar este caminho. Alex Telles é um lateral como poucos que estão no futebol brasileiro atualmente. Tem a óbvia qualidade de chegar na linha de fundo. Escrevo óbvia porque deveria ser premissa básica para um lateral. E ele cumpre. Com naturalidade e bons proveitos ao time.

O volante Ramiro, esquecido por Luxemburgo e que Renato está lançando, é um baita jogador. Tem mais qualidades que Fernando e acho que mais futuro também. Talvez não seja um marcador tão eficaz, quanto o antecessor. Mas é bom passador, lança bem e chuta com personalidade. Não tem medo de errar. Apostem: este garoto é diferenciado.

O atacante Paulinho, o mais jovem com 19 anos, apareceu poucas vezes. E o goleiro Follmann, 21, e o lateral Moisés compõem o grupo. O fato é que é preciso coragem para contratar seis jogadores de um clube da quarta divisão do futebol nacional.

Lembro o ex-presidente colorado José Asmuz. No começo da década 90, para espanto de todos, anunciou todo pimpão e orgulhoso, como era seu costume, o pacotão do Matsubara: “Tico, La Mônica, Ratinho e Jorge Luís”, estufou o peito o presidente vermelho como se descobrisse a América. A negociação deu errada, chegaram três dos quatro anunciados, um foi embora dias depois, jogaram apenas dois. Jogaram é uma benemerência do colunista. Naufragaram. Asmuz é até hoje motivo de chacota pelo mico. Ou melhor, pelo Ratinho e cia.

Rui Costa mostrou estar bem cercado no departamento e ter boas informações. E a sua capacidade de observação também merece ser reconhecida. Contratar meia dúzia de jogadores do Juventude e acertar em pelo menos três é mais do que elogiável. É surpreendente. Isto sim é cuidar com competência da saúde financeira do clube ao mesmo tempo em que não se perde a capacidade de investimento no futebol.

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