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A Vida Mentirosa dos Adultos: Novo livro dá continuidade à ‘febre Ferrante’

Divulgação/Intrínseca

Foi lançado esta semana, no Brasil, “A Vida Mentirosa dos Adultos”, de Elena Ferrante, autora da tetralogia napolitana “A Amiga Genial” – que vendeu 11 milhões de cópias no mundo inteiro. As 432 páginas da nova obra concentram-se numa única protagonista, Giovanna, entre os seus 12 e 16 anos.

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Pode-se dizer que o ambiente é o mesmo: Nápoles, a metrópole ao sul da Itália. A cidade é multifacetada, um mundo à parte, como se sabe. A Nápoles de Giovanna – Giannina para os íntimos – é a de uma classe média intelectualizada. O pai, Andrea, é professor de história e filosofia. A mãe, Nella, leciona latim e grego. Família progressista, com ideias libertárias tanto na política como nos costumes.

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Esse mundo quase idílico tem lá suas fraturas. A trinca mais evidente atende pelo nome de Vittoria, a irmã proscrita de Andrea, moradora de um bairro popular. Um dia, Giovanna ouve uma conversa entre o pai e a mãe na qual Andrea diz: “Ela está ficando cada vez mais parecida com Vittoria”. Ora, raciocina a adolescente, se estou cada vez mais parecida, o melhor é conhecê-la.

Esse expediente narrativo abre caminho para o rito de passagem de Giovanna. Se antes se encontrava protegida no nicho familiar e entre amizades com pessoas parecidas, abre-se para novos personagens que terão influência em sua vida. A começar pela própria Vittoria, que não estudou e é empregada doméstica, uma dessas personagens poderosas, traçadas com linhas fortes por Elena Ferrante.

O percurso de Giovanna é o desse desvendamento do mundo em que vive e de si mesma. No seu caráter tortuoso, encontramos o melhor de Elena Ferrante. Os personagens são retratados por inteiro, jamais como clichês. A prosa fluida e elegante, clara em situações complexas, parece dar a cada palavra o peso justo. As oscilações abruptas entre o idioma oficial do país e o dialeto napolitano emergem como um retorno do reprimido justo nas situações-limite da violência, do ódio, do amor, do sexo.

Há muita paixão, coragem e honestidade na voz feminina de Elena Ferrante. Quem a lê, sente.

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