Publicado em 1868, “Mulherzinhas” (Penguin), livro da americana Louisa May Alcott (1832-1888), teve cinco versões anteriores para o cinema antes de “Adoráveis Mulheres”, filme de Greta Gerwig (“Lady Bird”) que estreia nesta terça-feira, 9 de janeiro. No entanto, é nesta virada de década que a obra finalmente parece encontrar sua época. É o girl power em sua gênese.
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A força da história, ambientada durante a Guerra Civil, é o inconformismo da protagonista, espécie de alter ego de Louisa May Alcott. Assim como Jo March, a escritora foi criada por uma mãe progressista (Laura Dern) ao lado de três irmãs. Como pano de fundo, as batalhas, que afastam o patriarca (Bob Odenkirk, de Better Call Saul) por meses.
A versão anterior levada às telonas foi lançada em 1994 e tinha Winona Ryder como Jo, que agora pertence a Saiorse Ronan. Greta Gerwig é fiel ao texto de Alcott, mas dá um tratamento que conversa muito melhor com as pautas de emancipação feminina que ganharam força também na última década.
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As irmãs March representam aspirações diferentes entre si e, 142 anos depois de criadas, a chamada primavera feminista admite que todas elas coexistam sem que se anulem. Escolha que pouquíssimas tiveram à mesma época.
A primogênita Meg (Emma Watson) se permite pequenas vaidades e não se acanha diante das críticas de Jo a seus desejos de casar. A heroína, por sua vez, não pensa em marido (Louisa May Alcott jamais se casou) e sai de casa para trabalhar na cidade grande e morar em um pensionato misto, onde fica amiga do professor alemão Friedrich (Louis Garrel). Sob pseudônimos masculinos, tenta vender seus contos para jornais.
A impetuosa Amy (Florence Pugh) rivaliza com Jo pela atenção de Laurie (Timothée Chalamet), vizinho de família abastada que conquista a confiança das “mulherzinhas”. Ele entra para o clube, tendo acesso aos textos e performances delas no sótão dos March. Já Beth (Eliza Scanlen) tem a saúde frágil e se dedica à música.
O elenco se completa com Meryl Streep, a Tia March, que promete financiar parte das aspirações das sobrinhas desde que elas aturem a sua antipatia. Como escolha acertada, a diretora, em seu terceiro longa-metragem, privilegia relações femininas e dá pouca importância a romances. Casadas, solteiras, pobres ou ricas, as irmãs March se bastam como narrativa.