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Caetano Veloso celebra projeto musical com os filhos: ‘Para mim é só felicidade’

Um dos artistas mais celebrados e influentes da música brasileira, Caetano Veloso tem status raro na cultura nacional. Comparado a Bob Dylan por sua poética intensa, caleidoscópica e universal, ele foi arquiteto e personagem decisivo de momentos sublimes da MPB, como na construção do movimento Tropicalista, nos anos 1960, verdadeiro tsunami artístico que reverbera até hoje dentro e fora do Brasil.

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Acostumado a encabeçar projetos inusitados, o compositor roda o Brasil com a turnê “Ofertório”, na qual se apresenta ao lado dos filhos Moreno, Zeca e Tom. Feito com a intenção de celebrar as relações familiares, o projeto nasceu de uma canção que Caetano fez para a missa de 90 anos de sua mãe, Dona Canô.

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Como enxerga o momento atual da música no mundo, quando as plataformas digitais servem de veículo para novos artistas e expressões?

Fui acostumado a ouvir canções no rádio, depois a comprar discos. Quando me profissionalizei, gravei LPs e CDs. Houve muitas mudanças. Até os anos 1960, quem era famoso no Brasil era famoso para todos e o número de grandes celebridades era pequeno. Hoje, com a internet, tudo se multiplicou. Há gêneros e artistas muito amados por públicos específicos e às vezes desconhecidos dos outros públicos. Ao longo da vida, me aproximei de estilos diferentes, passeando horizontalmente no tempo e no espaço, desrespeitando muitos critérios verticais de hierarquia do gosto. Continuo assim. As plataformas digitais não são meu ambiente natural. Mas me excita olhar de relance para coisas que aparecem nesse mundo virtual. Há democratização da produção e discriminação do consumo, com os algoritmos escolhendo para você o que você supostamente espera.

O artista popular ainda exerce papel de importância nos processos de mudança social como no passado?

Não sei julgar isso. Um vídeo de música pode influir muito fortemente por um curto tempo. Mas também figuras capazes de permanência se formam e se fixam. Acho difícil dizer que a música (popular) como expressão artística tornou-se banal e pobre de conteúdo se aparece alguém como Thiago Amud, fenômenos como o funk produzem Ludmilas e Anittas, sertanejos mostram vozes afinadas e o axé ressurge em Baiana System. Além de Tuzé Abreu lançar disco rigoroso e inspirado, Djavan e Gil seguirem fazendo coisas bonitas e o Baile da Gaiola acelera a cena.

Você apostou em um som direto, rico e cru à frente da Banda Cê. Agora, está com esse projeto musical ao lado dos seus filhos. Essas propostas são uma “passagem de bastão”?

Para mim é só felicidade. Tomara que seja também passagem de alguma coisa boa para o futuro de Pedro Sá, Ricardo Dias Gomes, Marcelo Callado, Moreno, Zeca e Tom – e para o futuro do Brasil e da música.

Muito da história recente do Brasil foi explorado nas suas letras. A música pode seguir sendo um campo aberto para uma reflexão abrangente sobre o mundo ao nosso redor?

Ah, isso sim. A música, a canção, serve para isso tudo que você listou e muito mais.

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