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Weezer faz show curto, mas conquista os fãs em São Paulo

É preciso alertar desde o começo: essa resenha parte da total parcialidade de um fã apaixonado pelo Weezer. Isso poderia ser um problema, se o público fiel não fosse tão crítico ao trabalho do quarteto californiano – afinal, queremos o melhor para eles, e para nós.

Começando pelo fato. O Weezer fez sua primeira apresentação na cidade de São Paulo nesta quinta-feira (26), no Ginásio do Ibirapuera, zona sul, como parte do festival Itaipava de Som a Sol. O show foi o segundo da história deles no Brasil, sendo o anterior em Curitiba há 15 anos.

Neste tempo, foram sete álbuns de estúdio, uma compilação de sobras e um recente disco de covers, totalizando 14 lançamentos. Com um catálogo de músicas desses, deve ser muito difícil montar um setlist equilibrado, ainda mais com a grande quantidade de singles e hits em 25 anos.

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Tanto nesta vez quanto em 2005, porém, a banda trouxe um repertório baseado principalmente no seu álbum de estreia, o homônimo apelidado de “Blue” (1994) pela marcante capa azul com os jovens integrantes. Até aí, sem problemas, este é o maior registro dos americanos e o material mais esperado pelos fãs.

“Buddy Holly”, de cara, abriu o show pontualmente às 21h30, após uma entrada quase tímida de Rivers Cuomo, Patrick Wilson, Brian Bell e Scott Shriner. Já foi suficiente para levantar o coro e os pulos de um público que claramente também era bastante fã de Weezer – afinal, um ingresso na pista custou mais caro do que um dia de Rock in Rio, próximo compromisso deles, neste sábado (28). Sem contar as taxas!

A abertura teve ainda “Undone – The Sweater Song”, primeiro single do grupo, e Hash Pipe, sucesso de outro homônimo – são seis –, este apelidado “Green” (2001). “My Name is Jonas” fechou o bloco de clássicos.

Clássicos esses que continuaram, de uma forma diferente, com “Happy Together”, do The Turtles, que faz parte do álbum de covers. Foram cinco momentos em que Weezer tocou músicas de outros artistas, incluindo “Take on Me”, do A-Ha, “Africa”, do Toto, “Paranoid”, do Black Sabbath e “Lithium”, do Nirvana.

Confesso que elas tiveram uma reação muito melhor do que o esperado, com os fãs abraçando e cantando os sucessos não autorais com (quase) o mesmo vigor dos hits apresentados. No meio de “Happy Together”, até rolou um trecho de “Longview”, do Green Day – caso que me faço ainda mais parcial.

Mas aí vem o grande problema do show do quarteto: sua duração. Foram apenas 1h20, muito menos do que o que normalmente é entregue por artistas de rock em turnês internacionais. O próprio Green Day ou o Foo Fighters, por exemplo, tocam por 2h30, tendo idades e amplitudes de catálogo similares ao Weezer.

Quando se soma o curto tempo no palco, ao fato de que um quarto da apresentação foi formado de covers, é difícil não ficar chateado ao pensar no que ficou de fora do repertório. Todos os discos de inéditas lançados desde 2009 (foram seis!), além do ótimo Maladroit (2002), não tiveram uma música tocada – a mais recente foi “The End of The Game”, que vai integrar “Van Weezer” (2020). Se tanta coisa aconteceu com a banda desde Curitiba, como podem os shows terem sido tão parecidos?

Claro que, na hora, esse não foi um problema. Sucessos, como “Island in the Sun” e “Beverly Hills”, ou favoritas dos fãs, como “Surf Wax America” e a dobradinha “The Good Life” e “El Scorcho”, do amado Pinkerton (1996), foram recebidos com sorrisos, gritos e pulos. Independentemente do repertório, todos estavam muito felizes em vê-los de perto.

Para dar tempo de 20 músicas serem tocadas em 1h20, o Weezer não falou muito. Foram poucas as manifestações entre músicas, com a maioria das frases em português. Mesmo assim, a simpatia do vocalista Rivers Cuomo e as interações durante as canções fizeram do show tudo, menos apático – o Arctic Monkeys poderia, inclusive, aprender um pouco com os americanos.

A estrutura do evento ajudou, sendo simples e dando um maior destaque para o artista, que tocou acompanhado de animações do logo em um telão de LED ao fundo. Câmeras transmitiram o show em telas menores nas laterais, e o som estava alto e bastante nítido. Isso mostra que nem sempre palcos mirabolantes e elaborados são a melhor pedida, ainda mais quando se tem uma banda que performa tão bem ao vivo quanto no estúdio.

No bis, uma versão a cappella de «Buddy Holly» colocou os quatro dividindo o microfone, no momento mais divertido e intimista do espetáculo. Para encerrar, seguindo a temática “azul”,“Say It Ain’t So” teve o refrão berrado pelo público, que aplaudiu, fez «W» com as mãos e vibrou para agradecer pela visita, mesmo que breve, do quarteto. Que não demorem tanto para voltar – eu ouvi Hella Mega?

Confira mais fotos do show do Weezer, por Cleber Machado:

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