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‘A Noite dos Mortos-Vivos’: Peça usa depoimentos para discutir drogas na sociedade

Não é nada fácil a missão a que Paula Picarelli se impôs ao criar “A Noite dos Mortos-Vivos”, em cartaz no Sesc Consolação (r. dr. Vila Nova, 245, tel.: 3234-3000; seg. e ter., às 20h; R$ 20; até 27/8). O espetáculo parte de depoimentos das pessoas em cena para discutir o papel das drogas na sociedade, tocando em pontos de vista um tanto controversos.

“Esse projeto nasceu quando eu conheci o Ronaldo [de Morais] nos bastidores do espetáculo ‘Amadores’, da Cia Hiato. Nosso contato no camarim foi determinante para mudar a visão que tenho sobre o uso de drogas”, afirma Paula, que assina a direção. Ronaldo usou crack por mais de 20 anos, largou o vício, se formou em ciências sociais e hoje é professor.

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“O que eu sabia sobre crack dizia que, na primeira tragada, a pessoa já não tinha mais capacidade mental, e essa informação se mostrou falsa na minha frente. Essa narrativa justifica um tipo de ação violenta que afeta pobres e negros nas periferias”, diz ela, que transita entre drogas de forma relativamente segura devido à classe social privilegiada a qual pertence.

Os dois estão em cena ao lado do palhaço e psiquiatra Flávio Falcone, que trabalha na região da Cracolândia, e a atriz Nilcéia Vicente, que perdeu amigos para o tráfico. Diante do público, eles expõem as relações de cada um com essas substâncias, em uma perspectiva que aposta no diálogo, algo já experimentado de forma sensível nos espetáculos da Cia Hiato.

“Confio nessa abordagem porque sei que essa conexão com o público funciona. O que eu tentei fazer foi trazer para a cena a forma como eu me afetei por esse assunto, que foi por conta de uma amizade”, diz Paula. “Talvez seja ingênuo da minha parte, mas acredito que, pelo afeto, eu possa me comunicar e abrir uma discussão para que as pessoas possam olhar para esse assunto de uma maneira diferente.”

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