É difícil ficar indiferente a “O Bar da Luva Dourada”, mais novo filme de Fatih Akin, que estreia nesta quinta-feira (18). Povoado de personagens grotescos e calibrado com duras cenas de violência sexual, o longa causou mal estar ao ser exibido no último Festival de Berlim. O diretor alemão defende essa abordagem para nos apresentar Fritz Honka, serial killer que atacava prostitutas idosas em Hamburgo, nos anos 1970. “A violência sexual existe e está aí”, diz ele, que acertou ao escalar como protagonista o jovem Jonas Dassler, “enfeiado” para o papel.
Por que essa abordagem sanguinolenta?
Quando decido filmar algo, sigo meu instinto. Via muitos filmes de terror e imaginava: será que consigo fazer do meu jeito? Mas a verdade é que não sei porque faço certas coisas.
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Mas toda essa violência acaba nem sendo vista, já que as pessoas viram o rosto…
Se você faz um filme sobre restaurantes, você filma pessoas cozinhando. Este filme é, acima de tudo, sobre um serial killer. A violência sexual existe e está aí. Quando decido fazer algo, o “como” me interessa mais que o “por que”. Creio que, se trabalhar no “como”, encontrarei um jeito de mostrar o “por que”.
Li que, para você, este é um filme sobre feiúra. Qual o papel dela no mundo?
Nunca usei esse termo. O que para os outros é feiúra, para mim é beleza. Acho as pessoas do filme – especialmente as mulheres – bonitas. Vejo a gravidade agindo nelas. Para mim, esse é um sinal de vida. A reação da sociedade em relação a isso me diz mais sobre ela do que sobre o filme.
Jonas Dassler é um achado. Como você o orientou?
O corpo é algo interessante para mim, então passamos muito tempo falando sobre linguagem corporal e como fotografá-la. Além disso, Jonas é um sujeito de muita fisicalidade. O resto veio por si só. Tentamos ao máximo não deixar o cara simpático, mas, ao mesmo tempo, queríamos atrair o público para ele. Torço para ter conseguido isso.