Depois de se debruçar sobre a poesia de Hilda Hilst, a Festa Literária Internacional de Paraty abre nesta quarta-feira (10) sua 17ª edição com um olhar mais atento para a forma como a literatura expõe, reflete e instiga o pensamento sobre a realidade.
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A homenagem a Euclides da Cunha (1866-1909), autor de “Os Sertões”, é o que baliza esta ideia. Na obra, publicada em 1902, ele retrata a paisagem humana de um Brasil em transformação a partir da Guerra de Canudos, que opôs a novíssima República, proclamada em 1889, à insurreição capitaneada por Antônio Conselheiro em um povoado do interior da Bahia.
“Muito mudou desde então, mas tem uma coisa fundadora que permanece. A ideia não é endeusar o autor, mas entender a importância dele e perceber a atualidade de muito do que ele diz e também aquilo que foi superado pela sociologia, a antropologia e a medicina”, afirma Fernanda Diamant, que, pela primeira vez, assume a curadoria do evento.
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Foi ela quem pinçou da obra de Euclides da Cunha vários fios em torno de temas como gênero, meio ambiente, ciência e raça, costurados ao longo de 21 mesas que, até domingo, vão reunir 33 autores nacionais e internacionais.
“A ideia não é endeusar Euclides, mas entender a importância dele e perceber a atualidade de muito do que ele diz” — Fernanda Diamant, curadora
Isso promete render uma das edições da festa com mais alta voltagem política, o que, para Fernanda, é algo natural. “A Flip sempre teve esse papel mais ou menos evidente. Acho que, nesse ano em que a política ganhou uma dimensão grande para os brasileiros, isso precisa ser discutido.”
As mesas poderão ser assistidas gratuitamente, ao vivo, no novo app Flip, que será lançado nesta quarta.
Destaques da programação
Gaël Faye
Natural do Burundi, o autor fala sobre a forma como lida com a violência de guerras africanas e imigrações a partir do rap e da literatura. Quinta (11), às 20h30.
Karina Sainz Borgo
Nome dos mais aguardados da Flip, a venezuelana acaba de lançar “Noite em Caracas”, romance ambientado na crise do país da escritora. Sexta (12), às 17h.
Grada Kilomba
Portuguesa de origem angolana, a multi-artista fala sobre memória, trauma, raça, gênero, classe e pós-colonialismo em uma mesa na qual brilha solo. Sexta (12), às 19h.