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‘Anima’: Thom Yorke faz convite para sonho melancólico em terceiro álbum solo

Artista contracena com namorada em curta disponível na Netflix Divulgação
Thom Yorke ANIMA

É difícil imaginar que o líder de uma das bandas mais inventivas da virada do século 20 para o 21 possa sofrer de bloqueio criativo, mas foi exatamente o que aconteceu com Thom Yorke, 50.

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Após se ver instigado a colocar a mão na massa novamente para inventar a trilha do remake do filme de terror “Suspiria”, o músico resolveu espremer os limões que a vida lhe deu e usou como inspiração justamente a ansiedade alimentada ao longo dos dois anos em que não conseguiu compor nada.

O resultado é “Anima”, seu terceiro álbum solo, formado por nove faixas que conferem novos sentidos à música eletrônica. O disco é fruto de uma parceria investigativa dele com o produtor Nigel Godrich, com quem o Radiohead trabalha desde “Ok Computer” (1997).

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Ao longo de 2018, os dois iniciaram uma série de apresentações baseadas em improvisos. Yorke entrava com a voz, enquanto Godrich comandava as batidas dos sintetizadores e teclados. As criações eram gravadas, e o que funcionava com o público era rebuscado até chegar no formato do recém-lançado disco. “Pensei de verdade que uma boa forma criativa de expressar a ansiedade seria em situá-la em um ambiente distópico”, disse o músico em entrevista à revista Crack.

As composições são quase minimalistas, e a angústia e a melancolia típicas das criações do Radiohead ecoam ao longo delas. Para se contrapor à dureza desses temas, Yorke cria um clima de sonho que entremeia as canções com certo senso de esperança e otimismo.

“Anima” é uma palavra latina que significa “alma”, e o álbum está cheio dela. Batidas eletrônicas que poderiam soar frias e distantes são apresentadas de forma calorosa em faixas como a sensível “Dawn Chorus” e a quase dançante “Not the News”.

Ao lado de “Traffic”, as duas músicas embalam o curta-metragem “Anima”, dirigido por Paul Thomas Anderson (“Sangue Negro”) e disponível para visualização na Netflix. O aspecto onírico desejado por Yorke é materializado nos três atos do filme, coestrelado pelo artista ao lado de sua namorada, a atriz italiana Dajana Roncione.

O vídeo espalha dança contemporânea por vagões de trem e ruas de Praga para narrar os efeitos de um encontro romântico em uma ordem social na qual os corpos são controlados para além de seus próprios desejos.

Em tempos politicamente tão conturbados, a revolução possível de Yorke se dá pelo amor, mesmo que ele seja mediado pelos beats da esfera industrial da vida urbana contemporânea.

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