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Dia do Orgulho LGBT+: ‘Precisamos contar nossas histórias’, diz Gabeu, pioneiro do sertanejo gay

Há exatos 50 anos o bar Stonewall Inn, em Nova York, era invadido por guardas que prenderam diversos clientes sob a alegação de «conduta imoral». O motivo? A atração por pessoas do mesmo sexo. Desde então, 28 de junho se tornou o Dia do Orgulho LGBT+.

Meio século depois, muita coisa mudou. Se gays e lésbicas podem se casar hoje em dia, é graças a décadas de luta. Atualmente, uma das reivindicações da comunidade LGBT+ é o direito de ser representada na mídia, de igual para igual com heterossexuais.

É aí que entra Gabeu, pioneiro do sertanejo gay.»Precisamos contar nossas histórias, falar sobre nossas questões», defende o cantor.

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Gabriel Felizardo tem 21 anos, é homossexual e filho do cantor Solimões, um dos grandes nomes do sertanejo tradicional. Ele recebe muito apoio do pai, que faz questão de comentar praticamente todas as fotos que Gabeu posta em suas redes sociais com o namorado. «Deus abençoe, ‘ocêis».

Recentemente, ele se lançou no mundo da música com o single «Amor Rural», em que explora o romance entre dois homens. «Vamos assumir o nosso amor rural, sai desse armário e vem pro meu curral», canta.

Um homem abertamente gay cantando esse estilo já é, por si só, algo desafiador. «O sertanejo não é um gênero muito aberto para pessoas como nós. Existe toda uma postura do ‘macho bruto’ que não gera identificação com gays ou lésbicas», explica. «Sem contar os casos de letras machistas ou homofóbicas, que acabam causando esse afastamento da comunidade».

Com o lançamento da música, Gabeu passou a receber diversos relatos de pessoas que gostam do estilo, mas não se identificavam de fato com as letras. E essa falta de representatividade não atinge só o sertanejo: «O rap também, por exemplo, tem suas questões envolvendo machismo e homofobia. Agora tem o grupo Quebrada Queer, que está crescendo. É importante que a gente se jogue nesses estilos musicais», afirma.

A luta do artista é para que as pessoas da comunidade LGBT+ estejam em todos os setores da sociedade. No ano passado, a ONG Glaad (Gay & Lesbian Alliance Against Defamation) fez um estudo apontando que, entre os 110 lançamentos dos sete maiores estúdios de Hollywood, somente 20 incluem personagens LGBT+. Parece muito, porém mais da metade deles sequer apareceu por mais de três minutos em tela.

Gabeu lembra que, durante a infância, foram poucos os momentos em que se viu em algum personagem na mídia. «Os poucos que tinham, eram para fazer rir ou motivo de chacota. Eu sentia falta de ver pessoas como eu. Meu primeiro ídolo gay foi o Christian Chávez, da banda RBD», declara.

Formado em Cinema, ele acredita que, com essa representatividade, as novas gerações deverão ser menos preconceituosas. «Conforme as pessoas forem vendo mais gays, lésbicas e pessoas trans nesses espaços, as coisas podem se tornar mais fáceis para todos».

‘Pocnejo’

O cantor é responsável por inaugurar o que os fãs estão chamando de ‘pocnejo’. O termo é uma mistura da palavra sertanejo com a gíria poc, utilizada para descrever gays afeminados.

Gabeu conta com várias referências musicais, que vão do country de Shania Twain ao pop de Lady Gaga, passando, claro, pelas influências que recebeu da dupla Rionegro & Solimões. No estúdio, o pai do artista ficou surpreso quando conheceu a música.

«Meu pai sabia que eu tinha letra e melodia prontas. A primeira vez que ele ouviu foi quando a gente já estava gravando e disse ‘isso aí é trem de doido, é diferente de tudo que está no mercado, vai dar super certo'».

Com o sucesso de «Amor Rural», Gabeu agora se planeja para uma carreira na música. «Eu já estou produzindo o próximo single, mas ainda não tenho data definida. Eu gosto de estar com as coisas muito prontas para só então anunciar».

Assista ao clipe:

 

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