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‘Há muita desinformação’, diz diretora de filme sobre memórias da ditadura

“Deslembro” chega aos cinemas nesta quinta-feira, 20, com a história de uma adolescente que volta ao Brasil após exílio

Atriz Jeanne Boudier em cena do filme Deslembro Divulgação

Foram as lembranças de uma infância vivida em um momento delicado da história do Brasil que levou a cineasta Flavia Castro a dirigir “Deslembro”, filme nacional produzido por Walter Salles que chega aos cinemas do País nesta quinta-feira, 20.

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O filme acompanha a adolescente Joana, filha de uma militante exilada e de um desaparecido político que deixa Paris, na França, para voltar ao Brasil após a Lei da Anistia, que permitiu o retorno de brasileiros que viviam, através de pedidos de asilo político, em outros países durante a ditadura militar brasileira (1964-1985).

A trajetória lembra um pouco a da diretora, que também cresceu na França depois que o pai foi exilado pelo regime militar.  “Durante a montagem do documentário ‘Diário de uma Busca’, onde falo sobre meu pai e minha infância no exílio, senti uma necessidade de ir mais a fundo em um trabalho sobre a memória através da ficção, porque queria contar essa narrativa de uma forma mais lúdica, com uma subjetividade maior”, explica a cineasta em entrevista ao Portal da Band.

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Flavia espera que seu filme possa contribuir para discussões sobre esse período da história. Com uma frequência cada vez maior, o assunto vem sido debatido através de um viés negacionista, termo usado para designar fatos que são negados, por mais que as evidências históricas os comprovem.

“Na Alemanha, negar o Holocausto [extermínio de judeus pelos nazistas] é crime. Na Argentina, nem os militares negamos crimes da ditadura. Uma coisa é você ter pontos de vista diferentes, você ser de direita ou você ser de esquerda. Outra coisa é você negar a História», pontua.

A diretora diz que o filme traz elementos que condizem com a realidade do Brasil naquele período. “Em certo momento [do longa-metragem], a viagem escolar da protagonista não é autorizada porque o pai, um desaparecido político, não tinha atestado de óbito. Isso é real. No Brasil daquele tempo, questões simples da vida cotidiana se transformavam em problemas complicados de se resolver”, acrescenta a cineasta. “Meu sonho é que os jovens assistam ao filme, porque há muita desinformação sobre a ditadura por aí.”

Para além do pano de fundo histórico, “Deslembro” aposta em uma narrativa contada pela perspectiva de uma adolescente. Todos os sentimentos comuns ao ser humano nessa fase da vida acompanham a trajetória de Joana. Dessa forma, há uma tentativa de construir um sentimento de identificação com o espectador. “Tem outras coisas da vida que aparecem no filme. É um filme sobre a ditadura, mas não é só sobre isso”, afirma Flavia.

Veja o trailer:

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