Aos 45 anos, Penélope Cruz é presença constante nos filmes de Pedro Almodóvar. Ela interpreta a mãe do próprio diretor em “Dor e Glória”, drama com traços autobiográficos que versa sobre as decisões que moldaram o cineasta ao longo da vida. Após ser exibido no último Festival de Cannes, de onde saiu com os prêmios de melhor trilha sonora e melhor ator para o protagonista, Antonio Banderas, o longa estreia nesta quinta-feira (13) no Brasil.
Quem é Pedro Almodóvar para você?
Uma referência. Desde pequena eu o admirava mais como uma figura cultural da Espanha do que como diretor. Ele foi um sopro de ar fresco em nossa sociedade e soube situar as mulheres em um patamar diferente – cada personagem feminino que ele escreve é uma homenagem a elas. Não creio que exista alguém mais feminista que ele, que valoriza e aprecia as mulheres.
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Você lamentou não ter contracenado com Banderas?
Muito! A única cena que fizemos juntos em nossas carreiras é uma sequência muito curta em “Os Amantes Passageiros” (2013). Pedro disse que vai pensar em algo para nós, e ele falou sério.
Como você desenvolveu o papel de mãe de Pedro?
Reuni bastante informação sobre as mulheres que cuidaram dele. Sua mãe, suas irmãs e também algumas vizinhas… Lembro de um encontro com sua mãe, Francisca, que foi importante para eu entender mais sobre ele. Isso aconteceu há muitos anos, e não sabia que eu a interpretaria. Sempre nos perguntam porque Pedro escreve personagens femininos tão maravilhosos, e muito disso é por causa dessa mulher, pelo que ele recebeu dela e pela conexão dos dois.
Pedro sempre escolhe você para papéis de mãe…
Desde que o conheci, aos 17 anos, ele me disse que me via como mãe – desde “Carne Trêmula” (1997), no qual minha personagem dá à luz em um ônibus, justamente com a ajuda de Pilar Bardem (mãe de Javier Bardem e sogra de Penélope). E eu, desde criança, sempre tive um instinto maternal muito desenvolvido. Dos cinco filmes que fiz com ele, sou mãe em quatro.
Qual sua interpretação do título “Dor e Glória”?
Todos percorremos a jornada da vida com uma mala cheia de dor e glória. Este filme fecha um círculo que faz as pazes com o passado.
Como você descreveria sua relação com Almodóvar?
Somos amigos íntimos, nossas sensibilidades são parecidas. Tenho total confiança nele, e é importante que não se esconda nada na relação entre um cineasta e um ator.