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Premiada HQ ‘Minha Coisa Favorita É Monstro’, de Emil Ferris, precisou de 20 mil canetinhas

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O denso volume de “Minha Coisa Favorita É Monstro” entrega uma constatação óbvia: esta não é uma graphic novel comum.

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Suas 416 páginas foram desenhadas e colorizadas integralmente pela americana Emil Ferris, 57, apenas com canetas esferográficas ou hidrocor, em um trabalho que levou seis anos para ser concluído e serviu como reabilitação após a artista ter contraído a febre do Nilo, uma doença que paralisou suas pernas e a mão direita.

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O caráter pessoal do projeto se aprofunda com a identificação de Emil com sua protagonista. O livro é apresentado como uma espécie de diário ilustrado de Karen, uma garota que adora monstros e se retrata como uma “lobismenina”.

Ela vive na Chicago do final dos anos 1960 com a mãe e o irmão, e sua vida é alterada quando sua vizinha – uma judia que fugiu do nazismo – é encontrada morta. 

20 mil é o número estimado de canetas usadas por Emil para concluir o primeiro volume do livro

Emil partilha com Karen o apreço por criaturas tidas como indesejáveis e também as memórias de Chicago, onde reside até hoje.

“Eu era criticada por muitos amigos, mães e professores [por gostar de monstros]. Mas tudo bem, eu meio que sabia que isso aconteceria porque, nos filmes, os aldeões nunca os recebem de braços abertos”, diz a artista, por telefone, aos risos.

No caso de Karen, as monstruosidades têm a ver com seu próprio processo de amadurecimento, o que vai ser aprofundado no segundo volume do livro, com lançamento previsto para 2020. 

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Já Chicago surge, em parte, como uma homenagem de Emil ao pai, que a levava para visitar o Instituto de Artes da cidade tal qual Karen é levada pelo irmão, Dezê, responsável por introduzi-la a diversas técnicas.

“A lição sobre triangulação nas pinturas foi algo que meu pai me ensinou e que passei adiante [no livro]. Definitivamente queria honrá-lo e tento fazê-lo o tempo todo ainda hoje”, diz ela, que, além de soltar a criatividade com seus monstros, também demonstra habilidade ao reproduzir algumas das obras de arte presentes no local.

É um trabalho hercúleo, mas, para a artista, não havia outro jeito de fazê-lo. “Experimentei vários tipos de técnicas, mas acho que esse trabalho exala gratidão por eu ter sido capaz de desenhar”, diz ela, referindo-se à doença.

Após ver seu livro pouco convencional ter sido rejeitado por 48 editoras, Emil teve os esforços recompensados quando “Minha Coisa Favorita É Monstro” foi elogiado por unanimidades das HQs, como Art Spiegelman (“Maus”), e conquistou os prêmios Eisner e Fave D’Or – as mais importantes honrarias do mundo dos quadrinhos. 

“No meio da noite me pego pensando que, naquele momento, pessoas estão lendo o livro e as sinto próximas de mim. Posso sentir a energia delas e seu engajamento. Por um lado isso é muito honroso, mas também é uma responsabilidade, e talvez o segundo livro demore mais – mas esse é o tipo de conflito que você quer ter!” (risos).

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