Longe da TV, o ator Pedro Paulo Rangel festeja 50 anos de carreira e 70 de vida no monólogo ‘O Ator e o Lobo’, no qual mistura crônicas suas com outras do escritor português António Lobo Antunes. Confira entrevista!
Por que celebrar seus 70 anos com Lobo Antunes?
Eu não o conhecia. O Aderbal Freire-Filho é quem tinha a ideia de fazer esse espetáculo. Ele passou a ideia ao Fernando Philbert, que é o diretor da peça e me mostrou algumas crônicas. Ficamos fascinados, porque elas pareciam prontas para serem ditas. Há cinco anos tentamos por esse espetáculo de pé. Demorou tanto que acabei fazendo 70 anos de vida e 50 de carreira.
Em que medida você se identifica com esse escritor?
Existe uma série de coincidências entre o Lobo e eu. Tenho ascendência portuguesa, quase tenho Antunes no meu nome, ele é surdo e rasga os textos que escreve assim como eu … Mas claro que ele é um autor gigantesco e eu sou um foquinha, um aprendiz.
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Nesta peça, você conta as histórias ou as interpreta?
Ele fala pela minha boca. Eu falo como se fosse ele. E eu, Pedro Paulo, também falo por mim. É um jogo de espelhos em que a plateia tenta saber quem é quem. O Lobo escreve personagens, descreve a relação deles, e essas crônicas são ligadas por músicas e sentimentos, em um moto-contínuo de memórias.
A peça é um convite a observar mais a vida?
Não tive a menor intenção de colocar isso dessa maneira. O espetáculo é uma memorabilia, e o principal é apresentar um escritor de tão grosso calibre que ainda é desconhecido no Brasil. Não tem nada a ver com nosso cotidiano, a não ser pelas beiradas.
Você diz que ser ator não é mais viável. O que mudou?
Não é bem assim. A profissão de ator, enquanto produtor, é que não é. Antes, para fazer uma peça, você ia a um banco e tirava um empréstimo. Eram nove sessões por semana, então você tinha como recuperar o dinheiro. Hoje você paga para trabalhar, e a maneira de viabilizar a produção é com subsídios. O Sesc é hoje a única mão estendida para o teatro. Parafraseando Blanche Dubois, o teatro depende da bondade de estranhos. Isso é muito grave, e as pessoas não entendem.
Com tudo isso, o que o faz seguir adiante?
Estamos condenados à esperança. Parar eu não vou. Mas quem sabe um dia muda? Reclamar e mostrar como deveria ser é o que me resta. Meu trabalho é mostrar algo de qualidade. Fico louco quando começo a falar dessas coisas, porque acho um desperdício a maneira como a cultura é tratada, como se fosse algo desnecessário.
Serviço
Sesc Pinheiros
Rua Paes Leme, 195, tel.: 3095-9400
Estreia nesta quarta-feira (13). Até 6/4.
De quinta a sábado, às 20h30.
R$ 25