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Prestes a fazer 90 anos, Nathalia Timberg encarna ícone da moda em ‘Através da Iris’

Divulgação (RODRIGO LOPES)

Prestes a fazer nove décadas de vida, em agosto, atriz é dirigida por Maria Maya em monólogo no qual vive Iris Apfel, ícone da moda aos 97 anos.

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Em “Através da Iris”, você interpreta Iris Apfel, ícone mundial da moda que, em diversas vezes, disse vestir-se “para si própria” – o reconhecimento recebido não seria proposital. Você faz teatro para si própria ou para o público?

O teatro é feito a partir do momento em que há comunicação com a plateia. Sem o casamento entre os espectadores e o palco não há teatro. Mesmo assim, eu acredito que, apesar de fazer as coisas de acordo com o que sente e o que acha, o trabalho dela vai, sim, de encontro a um público.

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Deve ser ainda mais difícil criar um personagem que existe de verdade, uma vez que as pessoas podem  ver Iris Apfel e comparar com a atuação, não?

O Cacau Hygino, que escreveu o roteiro, foi muito fiel ao que ela é, então foi fácil trazer à tona essa figura não só na sua veracidade, mas também como ela se expressa e como fala de si mesma. O trabalho com a Iris também se orienta pelo que há de literatura da vida dessa mulher inspiradora – principalmente da autobiografia dela, que serviu de norte para a composição da personagem no palco. Ele também teve contato pessoal com a Iris, o que foi uma fórmula de sucesso.

O Cacau Hygino também é o autor da sua biografia, “Nathalia Timberg: Momentos”. O que a atraiu no modo como ele escreve?

Ele é um biógrafo fantástico. Essa forma que ele tem de pesquisar as pessoas que retrata acaba trazendo uma figura muito interessante com todas as suas  facetas. Quando Cacau escreveu o livro comigo, pedi para que fosse na terceira pessoa, mas isso é porque temos uma ligação e eu não pude dizer não.

Por que o gênero de teatro documental tem despertado tanto interesse?

Não sei (risos). Mas acredito que as pessoas têm muito interesse por biografias. Durante a última que fizemos, “Chopin ou o Tormento do Ideal”, em parceria com Clara Sverner, eu fiquei surpresa com a reação e com o envolvimento do público, que foi muito alto.

Iris Apfel tem como uma de suas máximas “mais é mais”. Isso se aplica à sua forma de fazer teatro?

Eu tenho como comportamento o oposto, sou mais discreta. Ela tem um extremo bom gosto e é uma excelentíssima editora. Basta ver que, da profusão de coisas e acessórios de sua curadoria na exposição do Met (Museu Metropolitano de Arte de Nova York), há um equilíbrio e uma harmonia grandes. É uma questão de gosto. Eu sou mais comedida, mas nós duas somos contra a ditadura da moda. Detesto ser obrigada e não quero me sentir presa. Acho que, nesse sentido, nós nos encontramos pela liberdade da moda. A Iris coloca um vestido do Dior com acessórios de brechós sem o menor problema.

Ainda é algum desafio fazer um monólogo neste ponto da sua carreira?

É muito mais desafiante que qualquer outra coisa. A peça toda é baseada no que ela fala e no que ela toca. Ela conta a si própria as suas histórias para levar ao público as ideias que tem.

Seus últimos trabalhos foram muito densos, com a parceria com Roberto Alvim ou mesmo vivendo Chopin. Como encara a leveza dessa personagem?

Foi fácil! Eu encaro com muito prazer, por ser uma coisa que é rara na minha trajetória. A Iris não se propõe a resolver os problemas do mundo – que estão gravíssimos –, mas lida com isso com um senso de composição belíssimo, algo que muitas pessoas instruídas se propuseram a fazer, mas não conseguiram. Essa beleza que ela propõe é um ótimo exercício para o ator. As coisas que ela diz não são necessariamente engraçadas, mas são muito bem-humoradas. Acredito que Cacau foi muito feliz na escrita dessa personagem.


Serviço
No Teatro Faap (r. Alagoas, 903, Higienópolis, tel.: 3662-7233). Estreia hoje. Sex. e sáb., às 21h; dom., às 18h. R$ 80. Até 10/3.

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