Jesus Cristo, Joana D’arc, Tiradentes, O.J. Simpson são figuras distintas, que viveram em contextos radicalmente diferentes uns dos outros. O que os aproximam? Todos sentaram no banco dos réus e, por isso, estão entre os 28 nomes analisados no livro “Os Grandes Julgamentos da História”, organizado pelo advogado e autor José Roberto de Castro Neves.
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Desde o estabelecimento da Justiça como sistema regulador da sociedade, na Grécia Antiga, grandes processos extrapolaram os limites da Corte, mobilizaram populações inteiras e imortalizaram personagens históricos.
A obra reúne textos de especialistas na área que fazem um exame de alguns dos imbróglios jurídicos que definiram a sociedade Ocidental ao longo dos séculos.
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O ensaio sobre o julgamento de Jesus Cristo, escrito pelo desembargador Marco Aurélio Bezerra de Melo, mostra como o então governador da Judeia, Pôncio Pilatos, condenou à crucificação o homem que se tornaria o símbolo maior do Cristianismo, a religão com mais adeptos no planeta.
No caso de Lutero, de autoria do próprio organizador da obra, são expostos os motivos que levaram a Igreja Católica a considerá-lo herege depois que ele divulgou as 95 teses que formariam a base do Protestantismo.
“Muitos desses julgamentos estão relacionados a uma injustiça e, por isso, nunca deixam de ser estudados”, explica Castro Neves.
Em uma época em que os brasileiros estão cada vez mais atentos às decisões do Poder Judiciário, o autor explica que a ideia foi trazer textos claros, longe do juridiquês que costuma marcar esse tipo de obra.
“Questões jurídicas fazem parte do nosso cotidiano. O Brasil inteiro julga o Brasil. Todo mundo dá pitaco em questão jurídica”, argumenta.
“A ideia não foi fazer uma obra hermética e difícil. São textos quase jornalísticos, para serem lidos com prazer.”
José Castro, organizador da obra
ALGUNS JULGAMENTOS
33 D.C.
Jesus Cristo
O desembargador Marco Aurélio Bezerra de Melo escreve sobre o julgamento de Jesus de Nazaré, que, segundo a tradição cristã, foi um profeta injustamente sentenciado à crucificação por Pôncio Pilatos, o governador da Judeia.
1431
Joana D’arc
Em meio à Guerra dos Cem anos, que contrapôs França e Inglaterra, a guerreira francesa foi queimada viva após ser condenada por heresia. Em seu texto, a professora Vera Jacob de Fradera mostra como, de herege, ela viraria mártir.
1792
Tiradentes
O dentista foi o único integrante da Incofidência Mineira – que conspirava pela independência de Minas Gerais – a ser condenado à morte por enforcamento, como ressalta o texto do advogado Gustavo Brigagão.
1936
Olga Benário
Esposa do líder comunista Luís Carlos Prestes e judia, ela morreu em um campo de concentração nazista, na Alemenha, depois de ser deportada do Brasil por Getúlio Vargas. O ensaio é de autoria do advogado Luiz Carlos Bichara.
1976
José Rubem Fonseca
O advogado Luiz Alberto Colonna Rosman remonta os episódios e os detalhes de uma ação judicial que o escritor José Rubem Fonseca moveu contra a ditadura militar, por conta da censura a seu livro “Feliz Ano Novo”.
1995/2001
Caso O.J. Simpson
Em 13 de junho de 1994, a polícia de Los Angeles encontrou os corpos de Nicole Brown Simpson e Ron Goldman. O principal suspeito era o ex-jogador de futebol americano O.J. Simpson, ex-marido de Nicole. O que se seguiu foi um dos julgamentos mais acompanhados da história dos EUA, que, após manobras jurídicas, terminou com a absolvição do réu e o retorno dele aos tribunais em 2001. Quem escreve é o advogado Gilberto Giusti.
“Os Grandes Julgamentos da História”
José Roberto de Castro Neves
Nova Fronteira
638 págs.
R$ 60