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White Album: há exatos 50 anos, Beatles lançavam um de seus trabalhos mais singulares

Diferente. Essa é a palavra que pode resumir o White Album (Álbum Branco), dos Beatles, que nesta quinta-feira (22) completa exatamente 50 anos de seu lançamento. Após o sucesso de Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, em 1967, o quarteto de Liverpool aparece no ano seguinte com um trabalho totalmente diferenciado em relação a todos os outros produtos da banda.

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A singularidade começa na capa. Na época, a apresentação dos discos era muito trabalhada, como a de ‘Sgt. Pepper’s’, uma das capas mais emblemáticas da história da música, com diversos personagens famosos. O White Album surge “sem capa”: era apenas um fundo branco com o nome da banda em relevo.

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“Eles estavam buscando o extremo oposto da capa anterior, que era toda colorida, detalhista e trabalhosa, trouxe problemas de direitos autorais pelas celebridades que estavam ilustradas. Na cabeça deles, vinha um contraste total. Por isso, branca, leve e objetiva”, comenta o jornalista Edu Hening, pesquisador e grande conhecedor da história da banda inglesa.

Além da parte gráfica, o disco também foi marcante na produção. Ele era duplo e com 30 faixas, algo fora dos padrões da época. “Tem que falar da importância disso para a indústria fonográfica. Era o terceiro disco duplo da história do rock. Antes disso, teve um do Frank Zappa e um do Bob Dylan. Então, o White Album tem uma modificação no conceito de indústria”, analisa Henning.

«É um trabalho assinado em grupo, mas individualista pelo momento que eles viviam. Havia um mal-estar entre eles e uma sensação de que banda estava se autodestruindo», explica Edu Hening

O grande número de músicas no álbum também serviu como uma estratégia para os Beatles abrirem a própria gravadora, a Apple. “Antigamente se fazia um contrato com a gravadora para 24 faixas, que caracteriza dois discos de 12, o que o vinil comportava na época. Eles se deparam com esse problema do número de faixas que eles tinham que entregar pra EMI. Daí, fazem o duplo também para matar esse contrato que eles tinham”, explica o jornalista.

O White Album ainda marca uma mudança no formato de produção musical do quarteto. Eles trabalharam praticamente de forma individual neste disco. Muitos dizem que foi o começo do fim da banda.

“Não estavam bem em termos de relacionamento. O grupo não tocava mais ao vivo desde 1965. Então, cada um praticamente compôs e executou com poucas ajudas e intromissões dos demais. Há diversas faixas em que os quatro tocam juntos, mas existem também músicas que apenas dois ou três participam ou só um toca tudo”, afirma Henning.

O disco alcançou o 1º lugar em vendas cinco dias após o lançamento. Foi o 1º duplo a alcançar tal posto. Em 1998, uma versão em  CD foi lançado para comemorar o aniversário de 30 anos do álbum. Neste mês, ele foi relançado em uma edição especial com as 30 canções originais, além de 27 demos acústicas e 50 gravações de sessões, algumas nunca antes ouvidas – a novidade pode ser comprada no ecommerce oficial da banda.

Ringo deixou a banda e Clapton ficou ‘escondido’

A produção do White Album há diversos fatos curiosos. A principal delas é que o baterista Ringo Starr deixa a banda no meio da produção do disco após desentendimentos sobre arranjos musicais. “Ele fica duas semanas fora. Os outros vão atrás dele e ele volta. O Paul faz a bateria em algumas faixas inclusive”, afirma o jornalista Edu Henning.

Outro fato que chama a atenção é que boa parte das músicas foi produzida durante um período em que eles ficaram cerca de três meses meditando na Índia após a morte do empresário da banda, Brian Epstein, após uma overdose.

Há também a participação “oculta” do guitarrista Eric Clapton em “While My Guitar Gently Weep” – o nome dele não saiu nos créditos do disco. “Olha que loucura isso. Em um grupo daquele, com enorme patamar de qualidade, o Harrison teve que chamar o Clapton para tocar guitarra e ter a música dele gravada. E isso ficou fenomenal”, diz Henning.

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