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Yoko Ono dá nova roupagem a músicas de seu repertório no disco Warzone

Artista japonesa revisita 12 faixas Matthew Placek/Divulgação

É fato consolidado na literatura musical a participação de Yoko Ono na composição de “Imagine”, o maior hit solo de seu marido, John Lennon (1940–1980).

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Conta a história que o ex-Beattle ficou inspirado ao ler os poemas de Yoko reunidos no livro “Grapefruit”, de 1964, e teve a ideia de escrever a faixa sobre uma realidade utópica sem guerras e sem países.

Não chega a ser, portanto, uma exploração que a clássica canção encerre o novo álbum de Yoko, “Warzone”. O disco apresenta 12 faixas da carreira da japonesa de 85 anos, mas, ao contrário dos trabalhos anteriores, não se limita a revisitar o extenso repertório.

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A artista, no lugar disso, “reimagina” o papel das composições antigas no mundo contemporâneo. Eterna pacifista, Yoko canta letras sobre guerra e violência a fim de pregar a paz.

Na faixa de abertura, que dá título ao disco, o som de animais se contrapõe ao barulho incessante de tiros, enquanto a cantora denuncia o estado de “zona de guerra” em que teria se transformado a sociedade contemporânea.

“Hell In Paradise”, originalmente um rock new wave lançado em 1985, ganha uma sonoridade difusa, com elementos experimentais, mas não perde o caráter de manifesto crítico contra a modernidade. “Isso aqui é o inferno no paraíso. Estamos todos dormindo ou paralisados. Estamos com medo de verbalizar nossos sonhos multicoloridos?”, protesta.

Apesar de constantemente abordar temas sombrios, Yoko não deixa de observar o mundo sob uma ótica quase ingênua, como se fosse uma criança horrorizada ao descobrir o lado escuro do mundo. Isso fica evidente na despretensiosa “Children Power” e na balada “Teddy Bear”, em que ela explora a imagem de uma menina que perde o seu urso de pelúcia para construir uma simplória metáfora sobre a solidão.

Mas há espaço também para protestos mais diretos, como em “Woman Power”, uma denúncia afiada do patriarcado mesclado com uma exaltação do poder feminino. “Toda mulher tem uma música para cantar/ Toda mulher tem uma história para contar/ Mas não se enganem, irmãos/ Nós temos o poder para mover montanhas”, afirma.

No fim, claro, “Imagine” encerra o repertório com a letra mais conhecida do disco. Não espere, contudo, seu piano característico. Fiel à proposta conceitual do álbum, a matriz melódica também é reinventada e as notas do piano demoram a entrar. Mas o essencial segue intacto: o convite à reflexão sobre um mundo em que as pessoas vivem pelo hoje, sem religião ou demarcações de países, sem nada pelo que morrer ou matar. Imagina? É fácil, se você tentar.

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