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Grupo Corpo revisa matemática de ‘21’

JOSÉ LUIZ PEDERNEIRAS/DIVULGAÇÃO

O coreógrafo Rodrigo Pederneiras não é chegado a autoelogios, mas “21” quebra essa modéstia. Criada em 1992, a obra é remontada agora para a nova temporada do Grupo Corpo, que estreia nesta quinta-feira no Teatro Alfa. “Tem algo engraçado: a peça é mais velha que metade dos bailarinos que estão dançando. Ela é meio anciã, mas ainda a acho muito legal. Penso que ela poderia ter sido feita hoje”, diz ele.

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Isso se dá porque, apesar de seus 26 anos de idade, “21” está conectada ao modo de existência que os mineiros do Corpo estabeleceram para si. Foi ali que Pederneiras explorou pela primeira vez, de forma sistemática, a criação de um vocabulário no qual os quadris guiam os movimentos, produzindo um tipo de balé diretamente identificado com a noção de brasilidade. Também foi ali que ele encontrou o complexo lugar que a música veio a ocupar em suas criações.

A partir de “21”, o Corpo passou a encomendar trilhas originais, e Pederneiras estabeleceu um jeito de coreografar que funde a dança à melodia, fazendo com que uma amplie os sentidos da outra – e vice-versa. A música de “21” ficou a cargo de Marco Antonio Guimarães, que inventava instrumentos para executar suas criações para o grupo Uakti. À época, o músico era não só amigo como também vizinho do coreógrafo, que viu de perto a elaboração da trilha.

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“Passava as tardes com ele. O Marco tem uma base erudita, mas fazia um trabalho ‘popular’, que tinha muito a ver com raiz, com Brasil, mas de forma diferente. Comecei a mudar muito em função dele, que veio completar algo que eu queria”, diz Pederneiras. A coreografia de “21” espelha a matemática sonora arquitetada por Guimarães. Ele brinca com ritmos, timbres e instrumentos a partir de um jogo de números que, somados, divididos ou multiplicados, partem ou chegam a 21.

Enquanto isso, os bailarinos executam os movimentos na mesma lógica, em uma análise combinatória prazerosa de se dançar, como lembra Carmen Purri, integrante do elenco original e hoje diretora de ensaios do grupo. “A gente vinha de um trabalho com mais técnica clássica e ‘21’ provocou uma quebra de orientação musical. Era algo muito complexo e difícil, mas a gente foi desenvolvendo, e a movimentação surgiu.

A primeira parte é mais densa, mas a segunda é um balé mais alegre, que vem de forma natural no corpo”, diz ela. “21” surge no programa ao lado da premiada “Gira”, criada no ano passado a partir de uma trilha do Metá Metá que evoca a figura de Exu. As apresentações abrem a Temporada de Dança do Teatro Alfa, que terá ainda a Cie. DCA Philippe Decouflé (31/8 a 12/8), São Paulo Companhia de Dança (15 e 16/9), Cia de Dança Deborah Colker (20 a 30/9), Mats Ek e Ana Laguna (10 e 21/10) e Pina Bausch Tanztheater Wuppertal (29/11 a 2/12).

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