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Comédia francesa 50 São os Novos 30 faz rir das relações familiares

Valérie Lemercier conversa com o repórter depois do empate com a Dinamarca. A França já venceu a Austrália e o Peru, vai vencer a Argentina e avançar nas semifinais. A atriz e diretora de 50 São os Novos 30 não parece impressionada. «Confesso que não sigo o futebol, embora seja um esporte muito popular. Na Copa da França tive uma experiência desagradável, cercada por torcedores nos Champs Elysées.» Mas não é interessante que nessa era de perseguições raciais, o herói francês seja um garoto de 19 anos vindo da periferia – Kylian Mbappé? «Ah, sim. O futebol pode ser muito democrático, mas em todo o mundo você sabe que as pessoas podem ser muito violentas por causa dele.»

Chega de futebol. O assunto agora é cinema. De onde Valérie tirou a inspiração para sua comédia? Pura imaginação ou 50 São os Novos 30 tem o pé na realidade? «É claro que, como qualquer ficção, não apenas comédia, o filme tem muito de imaginação. Mas a base é real. Cada vez mais, mulheres principalmente, na faixa dos 40-50, terminam tendo de morar com os pais pelos motivos retratados no filme. Marie-Francine perde o marido, o emprego. A quem recorre? Aos pais, mas ninguém mais tem paciência, nem ela nem eles. Os atritos são inevitáveis.»

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Mas ela termina por confessar: «Tudo isso eu descobri depois de fazer pesquisa, porque a origem do filme está no que me contou um amigo. Aos 16 anos, ele tinha uma namorada pela qual era louco, mas que não durou porque ele não sabia aonde levá-la. Em sua casa não dava, porque os pais eram vigilantes. Nessa idade, é normal, mas eu comecei a pensar. E se alguém, sem recursos, sem emprego, estivesse nessa situação? Alguém de 30, 40, 50 anos? Foi assim que comecei a visualizar Marie-Francine, mas claro, descobri que era mais frequente do que imaginava».

E Valérie acrescenta: «Nós, mulheres, somos mais discriminadas, ostracizadas. Um homem de 50 anos, solteiro ou divorciado, tem um monte de mulheres atrás dele. Uma mulher de 50? É mais difícil. Até os convites para jantar em casa de amigos escasseiam, se ela está sozinha». E a loja dos cigarros eletrônicos? «Todo mundo que eu conheço na França que quer parar de fumar recorre aos eletrônicos, mas não resiste a uma tragada num cigarro de verdade. Isso é sempre motivo de piada no stand-up.» E a dupla romântica com Patrick Timsit? «Ah, essa era a grande aposta do filme, colocar Patrick num papel contrário ao que o público está acostumado a ver. Na França, ele é o antigalã, mas, na sua atrapalhação, o acho muito simpático. Propus e ele topou.»

O filme «quase» bateu no milhão – 975 mil espectadores. Um megassucesso? «Um bom score. «Os produtores gostaram, não serei eu a lamentar.» E por que lamentaria? «Minha comédia anterior fez mais de 2 milhões de público. Diminuí», diz rindo. «Mas tenho uma relação meio doida com a bilheteria. Recusei A Família Bélier, que fez 7,5 milhões de entradas.»

Valérie é tão engraçada dando entrevista como na tela do cinema. Conta que seu sonho nada secreto é ser maîtresse de cérémonie, mestre de cerimônias, em Cannes. «Já mandei mil recados, mas não me querem. Acho que não têm muita confiança em mim. No stand-up, a gente aprende a ser desbocada.» E a história, largamente difundida na internet, de que ela entrou num site de encontros em busca de parceiro? «Foi no ano passado, mas não era eu, era Marie-Francine.»

Os pais de Marie-Francine? «Pertencem a uma pequena burguesia do 16ème arrondissement que vive segundo um tripé bem definido – golfe, bridge e missa.» O nome, Marie-Francine? «Tinha uma amiga com esse nome na escola, mas o filme não é inspirado nela. Gosto da sonoridade, e também do fato de ser raro. Fiz uma pesquisa e encontrei umas 20 Marie-Francine em toda a França.» Você viveria com seus pais? «Deus me livre, ainda bem que são divorciados.» E ri, de novo. O próximo filme? «Vou fazer a cinebiografia de Céline Dion. Será um filme grande, com muita preparação. Filmo no ano que vem.»

Veja o trailer do filme:

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