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Casamento real: “Nunca autorizaria”, diz príncipe imperial do Brasil sobre bodas de Harry e Meghan

Para Dom Bertrand de Orleans e Bragança, se príncipe Harry estivesse se casando ‘com princesa e não com divorciada’, repercussão de casamento real seria ‘muito maior’.

Se dependesse do aval de Dom Bertrand Maria José de Orleans e Bragança, príncipe imperial do Brasil e segundo na linha de sucessão ao extinto trono brasileiro, o casamento do príncipe Harry com a atriz americana Meghan Markle não aconteceria.

«Se o príncipe Harry estivesse se casando com uma princesa, ou uma mulher de família nobre, e não com uma divorciada, a satisfação dos britânicos seria muito maior e no mundo inteiro a repercussão também seria muito maior», diz ele, que não foi convidado para o casamento, em entrevista por telefone à BBC Brasil.

«Todo casamento com príncipe, sobretudo no Reino Unido, tem repercussão. Sou católico e como católico não posso ver com bons olhos o casamento de uma divorciada. Isso é contra os princípios católicos. Nunca poderia aprovar este casamento, sob pena de não ser corente com a minha fé», acrescenta.

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A visão conflita com a manifestada pelo próprio líder da Igreja Católica em abril de 2016. Na ocasião, o papa Francisco fez uma exortação apostólica afirmando, entre outras coisas, que os divorciados que voltam a se casar «podem viver e evoluir como membros ativos da Igreja».

Autorização

No último sábado, a rainha Elizabeth 2ª, do Reino Unido, deu aval ao casamento de Harry com Meghan. Uma decisão do Parlamento britânico de 2013 determina que, se o noivo ou a noiva forem um dos seis na linha de sucessão ao trono britânico, a soberana precisa aprovar oficialmente a união antes.

Foi justamente o casamento com uma divorciada que gerou uma crise constitucional na coroa britânica em 1936. O então herdeiro do trono, Eduardo 8º, decidiu se casar com Wallis Simpson, uma americana divorciada do primeiro marido e em processo de divórcio do segundo. Pressionado, ele acabou abdicando da sucessão em favor do irmão mais novo, Jorge 6º, pai da Rainha Elizabeth 2ª.

Monarquia x República

Na avaliação de Dom Bertrand, a monarquia «custa muito menos do que uma república».

«O custo de uma república é incomparavelmente superior a um custo de uma monarquia. Só pensar no custo de uma eleição presidencial a cada quatro anos. Monarquias são muito mais sóbrias, custam muito menos à nação e atraem muito mais turistas. Os benefícios são muito maiores do que os custos», argumenta.

«O Brasil estaria melhor com a monarquia. Hoje, não se encontra um brasileiro que diga de boca cheia que a República deu certo», acrescenta.

No Brasil, a monarquia foi extinta com a proclamação da República, no dia 15 de novembro de 1889. Para Dom Bertrand, no entanto, a República «fracassou».

«Com o fracasso da República, os brasileiros estão se perguntando: valeu a pena? Todos os brasileiros se lembram do regime de Dom Pedro 2ª, da estabilidade e do progresso, muito diferente do caos atual da República».

Após o fim da ditadura militar e a posterior redemocratização do país, houve, em 1993, uma consulta popular para decidir a forma e o sistema de governo no Brasil. Apenas 13% dos eleitores votaram pelo retorno da monarquia. Questionado pela BBC Brasil, Dom Bertrand diz que não houve «igualdade de condições».

«Se tivéssemos igualdade de condições, os resultados seriam totalmente diferentes. Tivemos anos de deformação da história pelos governos republicanos. Havia toda a máquina do governo republicano contra. Toda a grande imprensa contra», enumera.

‘Índole monárquica’

Ainda que os brasileiros tenham optado pela República, Dom Bertrand argumenta que «a índole do povo brasileiro não é republicana».

«Toda família é uma pequena monarquia. Qualquer família, o pai é rei, a mãe é rainha e os filhos são príncipes-herdeiros. Quando vamos eleger uma miss, dizemos rainha da beleza. O Pelé é o rei do futebol. Na feira livre, temos o rei da pamonha, o rei do pastel… A índole do povo brasileiro ainda é monárquica», diz.

«Imagine, por exemplo, alguém que abrisse uma loja de roupas infantis e tivesse que escolher entre dois nomes: seria princesinha ou primeira-daminha?», questiona.

Segundo Dom Bertrand, a monarquia encarna «os ideias da nação, suas tradições, seu futuro»

«A Rainha Elizabeth acabou de celebrar seu Jubileu de Diamante, ou seja, 60 anos no poder. Foi uma apoteose. Imagine um presidente da República que, por algum artíficio, ficasse 60 anos no poder. O povo estaria odiando.»

Aos 77 anos e formado em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), Dom Bertrand divide o tempo como diretor de duas entidades: o Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, que se descreve como «uma associação civil criada para mobilizar a sociedade civil e preservar a Civilização Cristã» (o nome da entidade é homenagem ao fundador do grupo Tradição, Família e Propriedade, a TFP), e a Pró-Monarquia, que «tem por finalidade promover, orientar e coordenar iniciativas voltadas à restauração do regime monárquico de governo no Brasil».

Segundo ele, a monarquia tende a favorecer «as moralidades gerais».

«Veja o que aconteceu com a República no Brasil. O país foi saqueado. O brasileiro está pagando a conta», diz.

Dom Bertrand também não economiza críticas aos últimos governos que administraram o Brasil.

«O PT é uma seita vermelha que queria implantar o socialismo no Brasil. Foi uma tragédia. O governo Temer está sofrendo de toda a tempestade criada pelo Lula e toda a república está um desastre. Ninguém sabe qual é o futuro. Vamos ter eleições presidenciais em alguns meses e nãos sabemos nem quem serão os candidatos», conclui.

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