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Washington Olivetto lança autobiografia e fala sobre sua trajetória e a política no país

Aos 66 anos, Washington Olivetto tem seu nome marcado na história da propaganda brasileira. Conquistou o primeiro Leão de Ouro do Brasil em Cannes, além de todos os prêmios da publicidade mundial. À frente da agência W/Brasil, ele foi o responsável pela criação de campanhas icônicas, entre outras, como a do “Primeiro Sutiã”, que acaba de completar 30 anos, do “Cachorrinho da Cofap” e do “Garoto Bombril”.

Olivetto, que atualmente vive em Londres, atua como consultor criativo da agência McCann Europa. Ele diz que o publicitário fala simultaneamente com milhōes de pessoas como se estivesse falando com uma só, olhando no fundo dos olhos. Mas de onde veio toda essa criatividade? Por que ele virou um sucesso quando tinha apenas 18 anos?

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Sua trajetória de vida – que inclui momentos tensos, como o sequestro sofrido em 2001, em São Paulo, no qual ficou 53 dias em cativeiro –, as histórias de algumas das mais marcantes campanhas da publicidade nacional, além de momentos de fracassos e frustrações estão retratados na recém-lançada na autobiografia “Direto de Washington”.

Autobiografia
“Resolvi escrever porque os editores insistiram muito. Quando comecei a organizar minha vida em Londres, foi muito por causa dos meus filhos [os gêmeos Antônia e Theo, 13 anos], que eu queria que estudassem lá na adolescência. E por essa experiência que, para mim, era única, de ser consultor criativo da McCann na Europa. Comecei, de agosto de 2016 para cá, a passar 15 dias em Londres e 15 dias no Brasil. Passei a fazer anotações, aí quando eu literalmente achei o título, ‘Direto de Washington’, pensei: esse é um título que só eu posso fazer! Eu não queria uma autobiografia, porque elas fazem parecer que você está no fim da vida. Tanto que a epígrafe diz: ‘Essa é a minha primeira e penúltima autobiografia’ [risos]. Pretendo fazer muitas outras coisas que talvez mereçam um dia ser contadas em outro livro.”

Sequestro sofrido em dezembro de 2001
“Não quis dar um peso exagerado a ele, primeiro porque achei que seria uma saída emocional fácil no livro.”

Comercial do primeiro sutiã nos tempos atuais
“O comercial [da Valisère, estrelado pela modelo e atriz Patrícia Lucchesi, na época, com 13 anos] completou 30 anos no ano passado. Acho que hoje ele poderia ser feito, sim, porque é um sentimento que continua emocionando as mulheres. O sutiã é muito mais do que uma peça de roupa, é a simbologia da transição da menina para mulher. Hoje, teria alguns comentários e a ‘patrulha’, mas que não seriam grandes o suficiente para preocupar. Isso porque sempre precisamos [os publicitários] trabalhar com um fenômeno chamado amostragem, ou seja, quando uma coisa é feita para ser vista por milhares de pessoas. Se poucas não gostam, não é amostragem. Essas poucas pessoas não têm nem que ser levadas a sério. Até porque [o motivo do desagrado] vai ser substituído pela outra maluquice que eles vão protestar”.

‘Patrulha’ do politicamente correto hoje em dia
“Essas patrulhas são características das redes sociais onde, além de tudo, em muitos casos, as pessoas são protegidas pelo anonimato. É claro que também, muitas vezes, tem manifestações nas redes sociais bastante coerentes e lógicas. É só questão de saber julgar cada uma.”

Trajetória de sucesso ao longo da carreira
“Meu maior orgulho tem sido continuar fazendo meu trabalho sempre ligado à cultura popular brasileira e por muitos anos. Não é muito difícil você ser reconhecido e fazer sucesso por 1, 3, 5, 10 anos. O difícil é fazer sucesso por muito mais tempo”.

Mercado publicitário atual
“O mercado publicitário do mundo está vivendo um momento muito difícil. E o mercado publicitário brasileiro, que sempre teve a melhor disciplina negocial junto com o norte-americano e o inglês, perdeu nos últimos anos muito dessa disciplina. Aí, quando o negócio fica menos próspero, ele fica menos talentoso, rentável e solícito. É o que está acontecendo agora. É uma coisa maluca, porque nesses períodos, às vezes, a gente tem que torcer para piorar ainda mais para chegar logo no fundo do poço para dar uma virada, infelizmente. É claro que fiz esse livro para ser um sucesso. Eu sou filho de vendedor, quero que ele venda muito, quero um monte de coisa. Mas quero, inclusive, que ele ajude a recuperar a autoestima da publicidade brasileira.”

Cenário político brasileiro
“Eu, particularmente, me caracterizei como um publicitário que nunca fez campanhas políticas, nem de empresas do governo. Agora que estou morando em Londres, venho sempre que eu quero e para trabalhar, acabo tendo um olhar um pouquinho distante. Acho que o Brasil vive um momento muito difícil, que batizei de ‘desotimismo’, o que eu acho uma pena. Quando nasci [em 1951], o Brasil já era o país do futuro. E agora, de novo, a gente está tentando reinventar o futuro desse país. É uma coisa que deixa a gente triste. Mas espero que esse momento que vivemos signifique uma forte transição para um futuro melhor.”

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