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Documentário revela a face séria de Mussum, personagem marcante dos Trapalhões

Da infância, a roteirista, diretora e produtora, Susanna Lira lembra que sua mãe a levava, junto com o irmão, à Cinelândia, no Rio de Janeiro, para assistir aos filmes que os Trapalhões lançavam todo ano. «Como éramos filhos de mãe solteira, sem muita escolaridade e pobre, as coisas lá em casa eram difíceis – parte da minha formação veio dos filmes desse quarteto genial», entende a diretora, que finaliza o documentário «Mussum – Um Filme do Cacildis», sobre o humorista e sambista Antonio Carlos Bernardo Gomes, do grupo Os Originais do Samba e que morreu aos 53 anos, em 1994, depois de complicações por causa de um transplante de coração.

Com mais de 20 anos de carreira, a diretora transita hoje entre o documentário – sobre artistas como Zé Bonitinho, Clara Nunes e mulheres sambistas, pacientes portadoras de HIV e esposas que assassinaram seus companheiros – e duas séries de ficção que vão estrear na televisão. Uma sobre uma delegacia especializada em combater crimes raciais, de intolerância e de gênero, e outra sobre o médico Roger Abdelmassih, acusado de estuprar as pacientes em seu consultório.

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«Sempre tive uma relação fortíssima com alguns artistas do samba, como Clara Nunes, Dona Ivone Lara, Os Originais do Samba, pessoas comuns que tiveram de batalhar para superar dificuldades materiais e preconceitos. A visão de mundo dessas pessoas também formou meu olhar sobre questões tão importantes e ainda presentes na sociedade brasileira como racismo, intolerância religiosa, de gênero e condição social», explica Susanna.

O documentário sobre Mussum não se furtará de tocar em pontos polêmicos que envolveram a trajetória do artista, que se integrou em 1973 aos Trapalhões, formado, na época, por Didi e Dedé. Foi ideia de Dedé, que o assistiu em um programa humorístico na extinta TV Tupi e já o acompanhava no grupo Os Originais do Samba – Mussum tocava reco-reco e cantava.

O cidadão Antonio Carlos sabia separar muito bem o Personagem da vida pessoal. Se por um lado Mussum criava expressões como «forevis» e «cacildis», bebia muito e dizia que «negão é seu passadis», o ator Antonio Carlos não admitia que o tratassem dessa forma. Aliás, não permitia preconceito de espécie alguma, chegando a brigar com duas pessoas que o chamaram de «negão».

«Ele não admitia ser desrespeitado. Era muito responsável com as finanças e muito rígido na educação dos cinco filhos, que teve com cinco mulheres diferentes. Estudou em internato e chegou à Aeronáutica», explica a diretora, lembrando que, apesar do sucesso estrondoso dos Trapalhões, sua grande paixão era o samba e o grupo que ajudou a fundar, Os Originais do Samba, no final dos anos 1960.

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